segunda-feira, 25 de maio de 2015

Circuito W: 5º dia



No meu quinto e último dia no parque levantei às 03h30min a fim de chegar ao mirador das Torres para ver o Sol nascendo projetando seus primeiros raios nos paredões de pedra, deixando-os com uma tonalidade alaranjada. Havia uma caminhada muito dura a ser feita, pois o acampamento estava a 400 metros de altura e o mirador fica a quase 900 metros, sendo que seria uma caminhada noturna, pra dificultar mais ainda a subida.

Levei comigo o saco de dormir, seguindo a dica de um chileno que mora no Rio de Janeiro há alguns anos, em função do forte frio que faria nas primeiras horas da manhã, sem o calor dos raios solares. Depois de se perder na trilha umas três vezes, chegamos ao mirador, eu e Eduardo (Taís e Rafa ficariam no acampamento, e Marcelo nós só encontraríamos mais tarde). A vista lá de cima é sensacional! Abaixo das Torres se forma um pequeno lago, formado pelo degelo da neve das Torres. Com certeza compensa muito todo o desgaste da subida e o frio enfrentado.

Chegamos lá quando ainda estava escuro, abrimos os sacos de dormir e esperamos. Mesmo com toda a roupa e o saco de dormir ainda passei frio Fico imaginando como seria se não tivéssemos levado em conta a dica dada pelo chileno. Lá encima encontramos Marcelo, que havia dito que não iria, mas acabou sendo convencido por Scott a encarar a subida. “Marcelow, are you coming or not?”, foi o que disse Scott, aos gritos no meio da madruga. Infelizmente não podemos acompanhar o tal espetáculo dos paredões de pedra com a tonalidade alaranjada, pois o tempo estava fechado. U pouco frustrante, mas nada que estragasse a beleza daquela paisagem. Depois de tirar muitas fotos, começamos a descida. A parte engraçada ficou por conta de Scott, uma figura: fez a trilha ainda meio embriagado pela noite anterior, e sem lanterna. Chegou ao mirador das Torres e enquanto todos batiam fotos e curtiam a paisagem, ele deitou e dormiu. Figuraça!

Apressei-me na trilha e logo deixei Marcelo e Eduardo para trás, pois queria tomar um banho antes de desarmar a barraca, partindo a tempo de tomar o ônibus das 14h30min (o próximo seria somente às 19h45min). Percorri um trecho de muitas subidas e descidas até o Hotel las Torres, cerca de 5 km em uma hora cravada. Novamente os mineiros ficariam para trás, pois acreditaram que não haveria tempo suficiente para chegar até o hotel, e depois até a Laguna Amarga, de onde sairia o ônibus. Talvez não houvesse tempo mesmo. Eu acabei chegando a tempo, mas pelo fato de ter corrido boa parte do trajeto. Cumpri a meta que havia estabelecido, mas o preço foi cobrado pelos meus joelhos. Senti dores mesmo após o retorno ao Brasil.

Fui um dos primeiros a chegar até o hotel, às 11h00min, e teria de aguardar a van que nos levaria até a Laguna Amarga (local de partida do ônibus) até as 13h00min. Logo chegaram Scott e Brad e ficamos conversando. Scott me cedeu alguns biscoitos e eu, um cigarro. Logo na primeira van que chegou eu me mandei, logo depois de me despedir dos novos amigos nova-iorquinos. Antes de ir embora pude presenciar a festa feita por um grupo de paulistanos que concluíam o circuito “O”, que percorre todo o parque, em nove dias, creio eu.

O caminho de volta a Puerto Natales foi tomado por um sentimento de realização e desgaste. Liguei meu mp4 numa playlist que preparei para a viagem, mas na segunda ou terceira música já estava dormindo. Sentar naquele acento macio e confortável foi um manjar dos deuses. Havia pouca conversa, as pessoas pareciam estar todas com o mesmo sentimento de realização e cansaço.

Assim que cheguei ao terminal de ônibus fui direto à loja onde aluguei meus equipamentos de camping (não via a hora de me livrar de todo aquele peso). Fui atendido pela mesma mulher que me cedeu os equipamentos. Quando me atendeu pela primeira vez pareceu ser um pouco grossa, talvez pela correria do seu trabalho (havia algumas pessoas e ela atendia a todos sozinha). Desta vez me atendeu muito bem, foi logo me dando um beijo no rosto e perguntando como tinha sido a experiência. Vendo o cansaço estampado na minha cara, foi muito gentil ao me dar um bolo que havia feito.

Saindo dali fui logo ao hostel onde tinha deixado minhas coisas, e como havia lugares disponíveis, optei por passar a noite ali mesmo. Tomei um banho e mesmo sendo um pouco cedo para jantar, pedi meu prato de “milanesa de vacuno y papas fritas”. Uma porção muito generosa, diga-se de passagem. Pra acompanhar, uma Cristal de 1 litro, cerveja essa que não me agradou (não faz espuma, parecia um guaraná). De banho tomado e de estômago cheio, fui buscar uma lavanderia pra lavar minhas roupas usadas na trilha.
- diária do hostel: 8000 pesos chilenos
- jantar: 7000 pesos chilenos
- lavanderia: 6600 pesos chilenos
- cervejas: 2600 pesos

Feito isso, passei num mercado e comprei duas Coronas para acompanhar a estréia do São Paulo na Libertadores, contra os gambás (acabamos perdendo por 2 x 0). Como o jogo não estava do meu agrado, rs, tomei as duas garrafas conversando com a Ju no whatsapp, estava com muitas saudades dela, o papo serviu pra diminuir um pouco a sensação de distância. Depois da conversa fui dormir.
As Torres!

A minha é uma dessas, tá aí no meio!

Hotel Las Torres

Marcelo, Dudu e eu


3 comentários:

  1. Eu não disse que não ia :p
    Vocês que não me acordaram. O Scott acordou direitinho, figurassa não parava de gritar. O caminho segurando a lanterna para nós dois então, foi muita comédia( além dele estar bêbado).

    Mas moçada, não somos tão chatos quanto parece não, fomos no nosso tempo mesmo, afinal já tínhamos feito 4 dias de trekking em Él Chaltén e como fomos juntos tentávamos nos manter juntos caso alguém viesse a precisar de algo. De toda forma eu direto ia andando na frente tbm para aproveitar meu ritmo e aproveitar para refletir, o importante desse circuito é se planejar para não ter que forçar muito o corpo e acabar ficando prejudicado. Caso estejam em grupo, tentem ir revezando entre ir no seu ritmo e as vezes até chegar antes no camping para já ir preparando as barracas, comida, mas também se mantenham as vezes juntos caso percebam que alguém pode precisar de você - treinar antes também é uma boa pedida.

    Eu super recomendo esse parque nacional e a patagônia toda em si, me fez crescer muito e me deram recordações pra vida toda.

    Partiu se quedar na próxima? Abraçoss...

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    1. Pô Marcelo, não queria passar a impressão de chatice não meu velho! Rs...Talvez tenha faltado eu dizer que como estavam em grupo, de fato deveriam caminhar juntos, até por precaução, caso alguém se machucasse ou precisasse de algo!

      Por todo o trajeto todos foram muito parceiros, inclusive no momento de preparar o rango, dividindo as paradas, todos preocupados se o rango era suficiente, enfim, só elogios meu velho!

      Muita sorte ter encontrado pessoas como vocês. Aliás, na viagem toda tive muita sorte, só topei com galera ponta firme!

      E se houver uma próxima, partiu "se quedar", rss
      Abraço.

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  2. Teve muitos momentos de parceria mesmo. Acho que ao ler aqui e em diversos post pela internet muitos não terão a noção do quão bom é essa viagem. Estávamos sorrindo o tempo todo, fazendo piadas, encantando outras pessoas com nossa cultura e sendo encantados. E mesmo os momentos de perrengue não faziam nem cosquinha na nossa satisfação. Por isso eu deixo a dica aqui, quem tiver com um pouquinho de vontade de viajar vai na fé pq é sucesso garantido.


    André, já li e reli os posts, ta de parabéns mulecão. Ta no meu papel fazer referências à viagem nos meus textos do meu blog, pode ter certeza que vou linkar o seu aqui. Abraços!

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