terça-feira, 1 de setembro de 2015

Dia 25 - o último!




Este seria meu último dia completo na cidade, e também em território argentino, pois na manhã seguinte partiria meu vôo de volta ao Brasil. Estava a fim de aproveitar meu último dia conhecendo mais alguma coisa da cidade. A opção que estava em minha mente era o Monumental de Nuñez, estádio do River Plate. Porém, meus planos já começariam a ser atrapalhados pelo extremo cansaço sentido por mim, resultado de uma longa caminhada no dia anterior. Acordei, já era hora do almoço. Escrevi algumas páginas neste diário, almocei e passei grande parte da tarde organizando minhas coisas pra partir no dia seguinte, de modo que não esquecesse nada.



No início da noite teria minha última partida de futebol em solo porteño, a convite de Filipe. Antes de partir pro futebol, fui ao mercado com Pedro e José a fim de comprar algumas coisas para o preparo de um jantar logo mais, essa seria minha forma de retribuir ao excelente tratamento que me foi dado nos dias em que permaneci naquela cidade. Arrumada minha mochila, compras pro jantar já realizadas, era hora de partir pra San Telmo pra encontrar com Filipe.



Bem, sobre a partida não há muito que relatar, farei uso deste espaço então para agradecer. Foi graças a Filipe (e também à Gonzalo – torcedor do Racing) que pude bater uma bola com os hermanos e conhecer também um pouco da “cultura futebolística” dos caras. Além disso, mesmo não podendo me receber por uns dias em sua casa, fez questão de me colocar em contato com Gonzalo, por onde havia morado por cerca de um ano. Apresentou-me à galera da casa, onde fui muito bem recebido. Atitudes como essa me faz crer ainda mais que amigos também são aqueles com os quais não temos muito contato, por razões do dia a dia de cada um, e até por razões geográficas, mas que quando nos encontramos vemos que pouca coisa mudou (quase nada, na real).



Depois da partida voltei rapidamente, pois havia um jantar me esperando. Assim que cheguei já estava tudo pronto e quase toda a galera já estava ali, com exceção de Pepe e Luisa que não regressariam pra casa naquela noite. Tomei um banho, desci e começamos a conversar ao redor da mesa. Estariam presentes no jantar Franck, o inglês com o qual tive pouco contato, e uma francesa que havia chegado naquela noite pra morar na casa (e minha memória não guardou seu nome pra esse relato, infelizmente).



Gonzalo me entregou um gravador de mão e me pediu que eu gravasse uma mensagem a todos da casa, primeiramente em espanhol e depois em português. Disse ser uma tradição de todos aqueles que passavam por ali em algum momento de suas vidas. Não me recordo exatamente o que disse ali diante de todos, mas agradeci a recepção da galera da casa, que me trataram muito bem em todas as ocasiões, e se colocaram à minha disposição pra me ajudar no que quer que fosse. Gostaria muito de poder ouvir aquelas palavras ditas por mim (e saber se meu nervosismo permitiu que eu dissesse tudo àquilo que queria)!



Depois do jantar eu já estava pronto pra dormir quando fui convidado por Macarena pra assistir um filme com a galera na sala. Depois de ser convidado, “em português”, não poderia recusar tal convite, rs! Durante o filme perceberíamos que minha última noite em Buenos Aires revelaria ainda alguma surpresa. Em determinado momento fomos surpreendidos por um enorme estrondo na sala de jantar, próxima à cozinha. Ficamos estáticos, tomados pelo susto, e quando resolvemos levantar pra ver o que teria se passado, veio outro estrondo, ainda maior que o primeiro! Nesse ponto já pensávamos que tinha alguém tentando invadir a casa.



Quando veio o terceiro estrondo, já estávamos todos de pé tentando entender o que se passava. Subimos pro andar de cima, já na expectativa de dar de cara com o “invasor”. Nesse momento a polícia já tinha sido acionada e já estava a caminho. Não permaneceram ali por muito tempo, fizeram algumas perguntas e logo foram embora. Passado o susto, nos demos conta que os estrondos foram causados por enormes blocos de mármore que simplesmente despencaram do prédio vizinho, caindo sobre a claraboia da sala de jantar, que era feita de uma espécie de fibra ou acrílico.
Depois de muitas teorias, chegamos à explicação mais lógica para o ocorrido: como havia papelão molhado junto aos pedaços de mármore e naquela noite chovia consideravelmente, supomos que alguém do prédio vizinho havia deixado o bloco de mármore guardado dentro de uma caixa de papelão no parapeito do prédio (que estava em obras). A chuva molhou o papelão, que cedeu com o peso do bloco de mármore, fazendo com que o mesmo caísse na sala de jantar, depois de atravessar a claraboia. Por sorte não havia ninguém por ali. Se acontecesse mais cedo, na hora do jantar, certamente o resultado seria fatal.



Felizmente não foi o que ocorreu! Somente um susto e uma história a mais pra trazer na bagagem. Depois de passada toda a adrenalina, fui dormir já eram quase 5 da matina. Em algumas horas já estava de pé pra pegar o vôo de volta. Da cidade de Buenos Aires só ficaram boas recordações, e muitas delas se devem aos novos amigos feitos na Calle Moreno. Não poderia ter sido recebido de melhor maneira naquela cidade, agradeço a todos pelo carinho que me foi dado nos dias em que estive presente naquela casa. Me faltam palavras pra dizer o quanto todos foram importantes durante minha estadia por lá. Conversas, risadas, rolês e boas histórias foram compartilhadas. Carregarei todos comigo em minhas lembranças, pra sempre!  É esse tipo de coisa que a final de contas importa numa viagem, a meu ver. Serei eternamente grato por ter topado sempre com boas pessoas por todos os lugares aos quais passei durante esses 25 dias em território argentino e chileno. Espero ansiosamente pelas próximas paisagens, por novos amigos, e pela sensação de extrema pequenez quando nos colocamos em perspectiva diante da imensidão do mundo.






Bloco de mármore, depois de montado

Claraboia (na tentativa de ilustrar o que narrei acima)

Costanera, minha última foto em Buenos Aires.


segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Dia 24



Na manhã deste dia acordei perto das dez, preparei um café e logo comecei a atualizar este diário. Escrevi até o horário do almoço, quando decidi que já estava a tempo demais dentro da casa, além do fato de precisar sair pra comer alguma coisa. Decidi sair pela cidade em busca de algo rápido pra comer. Parei numa padaria, comprei alguns croissants e sai comendo pela rua mesmo.



Saí caminhando pela Avenida Belgrano, uma das principais avenidas da cidade. Após andar por várias quadras, creio que umas dez ou mais, cheguei numa bifurcação e segui pela Avenida Presidente Julio A. Roca, que me levaria diretamente a Plaza de Mayo, Calle Florida e arredores, caminhos estes os quais já estava completamente habituado. Na Florida, aproveitei para trocar mais alguns reais a fim de passar meus últimos dois dias na cidade com alguma “folga” financeira.



Após fazer o câmbio, meu destino seria o bairro da Recoleta, onde se encontra o famoso cemitério que abriga os restos mortais de diversas figuras famosas da Argentina, dentre elas, Evita Perón. Após uma longa caminhada, parando nas praças, tirando fotos, descansando, finalmente chego ao cemitério. Logo em sua entrada já podemos ver várias vans com turistas chegando para visitas guiadas pelo interior do cemitério. Comecei minha caminhada por aquele calmo espaço sem um rumo definido, sem uma estratégia para visitar os túmulos. Ia fotografando os mausoléus mais bonitos, que chamavam mais minha atenção.



Em dado momento, andando sem rumo, percebo adiante um grande grupo de turistas parados em frente a um túmulo todo em granito preto, onde estava escrito "FAMÍLIA DUARTE". Se tratava do túmulo de Evita Perón. Aproximei-me, e ali esperei que aquele grupo continuasse sua visita guiada pelo cemitério, pra que eu pudesse tirar minhas fotos com tranquilidade, sem ninguém me apressando pra poder tirar sua “selfie” ao lado da lápide de Evita. O túmulo apresenta várias placas em sua homenagem, de sindicatos como o dos motoristas de táxi da capital federal, municípios e outros setores civis, nos dando a perspectiva da quão amada era Evita pelos cidadãos de Buenos Aires.



Depois de alguns minutos por ali, segui minha visita ao cemitério. Vários mausoléus chamam a atenção pela beleza e grandiosidade, levando-me a pensar a importância de tais famílias na história da cidade. Sobrenomes como Magnetto, Avellaneda, Mitre, Sarmiento entre outros, muito conhecidos na cultura argentina, foram vistos por lá. Depois de caminhar por algumas horas por ali, decidi sair do cemitério a fim de descansar numa praça logo em frente, a Plaza Francia. Ali encontrei uma sombra junto a uma árvore e me deitei. Dormi por cerca de uma hora. Assim que despertei, assustado por ter adormecido ali na rua, resolvi que era hora de começar o caminho de volta, que seria longo.



Antes de ir pra casa, passei em San Telmo pra tomar uma com o Filipe, pois ainda não tinha conhecido os bares daquela região. Paramos numa loja de camisetas de futebol antigas e ficamos pirando com algumas raridades encontradas por ali, sem comprar nada. Paramos num pub polonês chamado Krakow. Havia uma promoção de happy hour que a cada chopp pedido ganhava outro, das 18 às 21hs. A porção de batatas do lugar é brutal, alimenta mesmo! Depois de comer e beber como um doido, saímos dali, tirei minha foto com a Mafalda (que agora é acompanhada pelos seus amigos) e peguei o bus de volta pra casa. 
Facultad de Ingeniería

Túmulo de Evita Perón



Plaza Francia

Mafalda e seus amigos em San Telmo

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Dia 23



No domingo levantei cedo, as 08h30min. Era 1º de março e haveria a abertura dos trabalhos do ano de 2015 no Congresso Nacional, onde seria manifestado um forte apoio à Cristina Kirchner. Eu tinha de estar presente nesse ato, seria uma oportunidade única para perceber uma fração da política argentina, como ela se manifesta nas ruas, nas pessoas, na sociedade de modo geral. No momento, era muito discutida nos meios de comunicação de Buenos Aires, uma possível participação de Cristina na morte do promotor federal Alberto Nisman, que há tempos vinha fazendo acusações ao governo kirchnerista.



Tomei um banho, preparei um café e me mandei pro Congresso. A casa onde estava hospedado ficava muito próxima do local do ato, cerca de duas quadras, não mais que isso. Na saída do prédio já pude perceber que o ato seria algo grandioso, pois estava numa rua adjacente ao Congresso e esta já estava tomada pela população. Bandeiras, batuques, rojões, tudo isso utilizado pelos mais variados grupos da sociedade civil organizada, tais como: sindicato dos motoristas de táxi de Buenos Aires, sindicatos dos operadores de trem, sindicato dos caminhoneiros, movimentos de luta social vinculados a bairros, organizações estudantis, entre outros.



Apesar de estes segmentos ocuparem grande parte da massa que tomava a Praça de Maio e seus entornos, havia também forte presença de “cidadãos comuns”, que assim como eu, acompanhavam o ato. Não da mesma forma, é verdade! Eu, um simples turista pondo em prática o ofício de cientista social. Eles, pessoas que vivenciavam aquele clima no dia a dia, nas discussões de bar, nos programas de rádio, nos seus empregos, enfim, na sua vida. Muitos idosos que aparentemente tinham lá seus 60 anos ou mais participavam do ato, muitos deles acompanhados de suas esposas, sentados no gramado da praça. Alguns deles faziam do ato uma verdadeira festa, levando cestas recheadas de comes e bebes, os quais saboreavam sentados onde conseguiam se acomodar.



Havia também forte presença de jovens e até de crianças, que acompanhadas por seus pais desde cedo aparentavam compreender a importância da participação popular na política do país. Assim como aqui, muitas das pessoas usavam camisas da seleção argentina de futebol, talvez como uma associação ao patriotismo (por mais chula que seja tal aproximação). Quem sabe se as denúncias da FIFA tivessem vindo à tona naquele momento, essas pessoas escolheriam outro tipo de símbolo nacional para expressar seu patriotismo. Pouco provável, creio eu!



Como cheguei cedo, por volta das 09h30min, tive tempo de caminhar bastante pelo local, tirando fotos e tentando compreender um pouco do sentimento que impulsionava aquelas pessoas às ruas, numa demonstração gratuita de apoio a chefe de Estado. No sistema de som montado, vinculados a enormes telões montados por todo o local, tocavam canções que todos sabiam as letras e cantavam em uníssono. Não precisava ser nenhum especialista na língua espanhola pra compreender que se tratava de canções de cunho político, bastava ver a forma emocionada com que as pessoas entoavam tais canções.



Por volta do meio-dia, quando o telão passou a mostrar um helicóptero pousando na Casa Rosada (localizada no outro extremo da praça), a multidão passou a gritar e aplaudir, era Cristina Kirchner chegando para seu discurso, que duraria cerca de três horas e quarenta minutos. Desceu do helicóptero, acenou para a população e entrou num carro oficial, que a levaria até o Congresso, no lado oposto da praça, escoltada por batedores da polícia, ao longo dos 500 metros que separavam um extremo e outro da praça.



O início do discurso, de dentro do Congresso, sendo transmitido a todos os canais de TV da Argentina (em caráter obrigatório), foi marcado pelo hino nacional. Impossível não se emocionar nesse momento. Registrei tal passagem por meio de um vídeo (que, aliás, não passa a mesma emoção de estar presente ali no meio da multidão). Depois de algumas formalidades, Cristina passou a discursar sobre as conquistas obtidas nos anos de seu mandato. Entre outras coisas, falou sobre a redução da dependência do capital internacional, fortalecimento de empresas nacionais de aviação, como a Aerolíneas Argentinas por exemplo, que passou a operar novas rotas, com novas aeronaves, redução substancial da dívida externa argentina, redução da pobreza no país, etc. Em alguns momentos era fácil identificar políticos da oposição, pois a cada vez que eram mostrados no telão recebiam uma enormidade de vaias e xingamentos.   



Por volta das 14h00min começou uma chuva que a princípio era leve, e foi ganhando força com o passar do tempo. A grande maioria da população não arredou o pé. Muitos já estavam até preparados com seus guarda-chuvas e capas plásticas. Eu, totalmente despreparado, me rendi à chuva e ao frio. Sendo assim, fui embora, em etapas. Era tanta gente que dominava o local, que levei cerca de quarenta minutos pra conseguir sair do meio do alvoroço, não antes de comer uma hamburguesa preparada ali mesmo, na praça.



Chegando em casa, tirei as roupas molhadas, tomei um banho e dormi um pouco. No fim da tarde tive a oportunidade de assistir na TV parte do clássico que seria disputado naquele dia, o “Clássico de la Plata”, entre Estudiantes x Gimnasia. Assistindo ao jogo, junto com Gonzalo, conversamos um pouco sobre as minhas impressões do ato que havia acompanhado. Aproveitei para tirar algumas dúvidas a respeito de situações que havia visto na praça, mas que não tinha compreendido direito, devido à ausência de vivência política no contexto argentino.



Depois de muita conversa, Gonzalo e eu fomos jogar uma bola com seus amigos. Gonzalo já havia me convidado no dia em que cheguei na casa. O local era semelhante ao que já havia jogado na oportunidade anterior, com Filipe. Quadras de grama sintética, no tamanho de uma quadra de futsal, situadas embaixo de um dos vários viadutos da cidade. Depois de algumas canetas e boas jogadas, finalmente um dos hermanos me jogou no alambrado numa disputa de bola, rs! Não poderia esperar outra atitude. Chego na “casa” dos caras, como convidado, e ainda quero deitar?!



Terminada a pelada, eu e Gonzalo voltamos caminhando pra casa, não era longe. No caminho paramos numa pizzaria e depois de alguma espera, conseguimos uma pizza e levamos pra casa. Depois de jantar, tomei um banho e fui deitar.

- Hamburguesa: 20 pesos

- Pizzaria Continental: 150 pesos

- Futebol: 30 pesos









quarta-feira, 17 de junho de 2015

Dia 22



Na manhã deste dia parecia que um caminhão tinha passado bem em cima da minha cabeça. Me recordo de ter levantado de manhãzinha, com o quarto todo fechado, o ventilador desligado (a luz ainda não havia voltado), e eu dormindo de blusa de flanela e tênis naquele forno. Sem contar o cheiro de fumaça que impregnava minhas roupas (havíamos queimado uma lenha na churrasqueira pra “iluminar” o ambiente). Fui o primeiro a acordar, a casa estava toda em silêncio. Fiquei no meu quarto e logo apareceu Luisa, a peruana de Lima, e conversamos brevemente sobre a noite anterior. Depois de algumas risadas ela me fez um convite pra almoçar. Não tinha assim tanta fome, mas topei.



Saímos sem destino definido, quando na rua decidimos ir ao Parque Centenário. Como ainda não conhecia, logo topei o rolê. Pegamos um colectivo em frente ao Congresso, mas não me recordo o número dele. Ah, antes disso deixamos nossos celulares pra carregar na academia onde Luisa treinava. O parque é um lugar bem legal, com um lago cheio de peixes, parquinho para as crianças, extensos gramados onde se juntam jovens e pessoas de mais idade. Aliás, essa foi uma das boas impressões da cidade: seus espaços públicos são muito bem utilizados. Como se trata de lugares bem conservados, limpos, isso atrai as pessoas para o convívio nestes locais. Além do mais, o governo incentiva tal utilização destes espaços públicos por meio de publicidade, dizendo ser uma ótima opção de lazer, e o que é melhor, gratuita.



Nele também havia uma longa feira ao ar livre, na qual se encontrava de tudo, tudo mesmo! Desde as coisas mais inúteis como garrafas velhas de refrigerante, até brinquedos e roupas usadas. Facilmente se passa uma hora ali caminhando pelo local. Depois de muita caminhada sob o sol forte, a fome finalmente bateu firme. Já era por volta das 16h00min quando tomamos o ônibus para retornar. De volta ao centro, resolvemos comer no Subway (havia um bem próximo da casa, na Av. Belgrano). Antes disso passamos na academia para retirar nossos celulares, devidamente carregados. Comendo, pude conectar ao wi-fi do local e atualizar algumas informações das pessoas que quero bem no Brasil. De estômago cheio, voltamos pra casa. Luisa agradeceu o rolê dizendo-me que eu era uma pessoa muito simpática por ter aceitado seu convite, mesmo sem conhecê-la muito bem. Na verdade o sortudo era eu, por poder contar com uma pessoa tão "buena onda" como Luisa!



Retornando à casa logo percebemos que a luz havia voltado, o que nos deixou felizes (somos muito dependentes da eletricidade, e além disso eu precisava utilizar a máquina de lavar, rs!). É bem verdade que em Torres del Paine, nos dias em que fiquei isolado, longe das regalias que temos na vida em sociedade, não senti muito a falta de luz, internet, celular, essas coisas. Creio que a dura rotina à qual nos submetemos por lá nos faz esquecer desse tipo de coisas “mundanas”, por assim dizer. Lá as preocupações eram acordar cedo, desfazer o acampamento, andar o dia todo com tudo levado nas costas, chegar até o próximo ponto de camping, armar tudo novamente, cozinhar, comer e dormir, para repetir tudo no dia seguinte. Numa rotina assim seu corpo (e sua mente!) acaba se esquecendo que foi condicionado a sentir falta disso tudo. Por metade de um dia e uma noite inteira, estava submetido novamente a isso, e no fim das contas a falta de luz uniu a galera da casa, já que em condições normais, sem a ausência da energia elétrica, todos provavelmente chegariam à noite e se recolheriam em seus quartos, conectando-se logo ao facebook, whatsapp, etc. Viva a ausência da luz!



Com a volta da energia, finalmente pude lavar minhas roupas. Terminada essa tarefa, juntei-me à galera e, mesmo sem ter passado direito a ressaca da noite anterior, decidimos comprar algumas cervejas, afinal de contas era sábado. Nessa noite eu não tinha planos pra sair, meu corpo ainda cobrava a conta da noite anterior. Tomei mais algumas cervejas com a galera. Conversamos bastante, demos muita risada, bem como na noite anterior. Depois de tudo fui descansar.

- Subway (30 cm): 85 pesos

- Cervejas: 35 pesos

- Pizza Uggi’s: 43 pesos
Parque Centenário



Dia 21



Este dia seria marcado pela ida de Anita ao Uruguai, deixando assim o posto de guia turística que havia ocupado até agora. Combinamos de almoçar juntos pela última vez em Buenos Aires. Acordei cedo para atualizar este diário, mas antes fui ao mercado para comprar açúcar e leite. Havia um mercado pequeno próximo à casa de Gonzalo, cujos donos são imigrantes chineses (o que é muito comum por aqui nesse ramo). Para ir até Palermo tomei o ônibus 37 como de costume, na Av. Entre Ríos e saltei no Parque de Las Heras, o que me fez ter de caminhar algumas quadras a mais, o que pra mim não tem muito problema, ainda mais estando numa cidade distinta como Buenos Aires.



Encontrei com Anita no seu prédio, às 13h30min. Comeríamos num local chamado La Fábrica de Tacos. Muito bom o local! Todo decorado com uma temática mexicana, bem simples, o que me agradou. Mas o que marcou de fato o almoço foi o “mimimi” da Anita por conta de uma gorjeta. Eu explico! De imediato, Anita não gostou muito do local, pois pediu um taco vegetariano e veio um pedaço de carne (pequeno, mas era carne), que aparentava ser do meu taco, uma vez que os dois pedidos foram preparados juntos. Depois de meter a boca no local por conta do ocorrido, perguntou se eu não era parceiro de procurar outro local pra comer. Disse a ela que não, pois havia gostado do meu taco e ainda gostaria de provar um outro de carne de porco.



Pode ser que a minha recusa a tenha deixado de cara, enfim, continuamos por lá. Depois de provar o segundo taco, estava realmente satisfeito, sendo assim, pedimos a conta. Anita deu a parte dela, algo em torno de 77 pesos, restando 120 pesos que seria a minha parte. Juntei 120 pesos e deixei na mesa, quitando assim o total da conta. Pronto, estava armado o circo. Anita passou a dizer que eu tinha que dar mais dinheiro porque eles contavam com a grana da gorjeta, digamos assim. Mas o que a deixou puta mesmo foi quando disse que ninguém me dá o dinheiro que eu ganho, então não saio dando assim só porque ela quer. Rs!



Saímos dali e continuamos a “discussão” pela rua. Mas é impossível discutir com a Anita! Ô guria teimosa. Passou então a dizer que eu estava gritando com ela, coisa que eu não estava fazendo (quem me conhece sabe que meu tom de voz é naturalmente alto mesmo), e num dado momento, quando caminhávamos eu toquei em seu braço pra argumentar e ela soltou essa: “Vai me empurrar agora?” Só rindo mesmo... Depois disso dei a discussão por encerrada e me calei. Enfim, depois dali fomos retirar um ingresso que ela havia comprado pra um show do Pedro Aznar, que haveria na cidade. Me despedi dela agradecendo pela parceria e pelos rolês. Conheci muita coisa devido ao faro dela. Dei um abraço, um beijo, mas não me contive e lancei: “E eu estou longe de ser mesquinho, você não me conhece!”. E assim fui embora. Apenas um desentendimento, nada mais! A Anita é uma guria fora de série, parceira de rolê pra todo lado da cidade, a treta fica por conta das duas personalidades em questão...



Voltei pra casa do Gonzalo, pois tinha a intenção de lavar umas roupas, já que gentilmente ele havia me disponibilizado a lavanderia da casa. Chegando lá, de imediato percebi que não havia luz, fato este que me possibilitou conhecer melhor os outros membros da casa, que até então não tinha tido a oportunidade. Com a ausência da eletricidade sentei-me na área de convívio da casa para atualizar meu diário de viagem, aproveitando a luz natural de uma claraboia para escrever. Foi quando Pedro e José, os brasileiros que moram na casa, perguntaram se eu não era parceiro de comprar umas cervejas, pois Pedro tinha um cupom promocional, que com o qual pagaríamos menos se comprássemos acima de seis unidades.



Como já era algo que planejava fazer para agradecer a hospitalidade de todos, aceitei. Me convidaram também para jantar com eles. Durante o preparo do jantar, já com a casa toda escura, iluminada somente por algumas velas, conheci Macarena, uma guria do Uruguai a qual já tinha sido apresentada no primeiro dia meu na casa, mas que não tinha tido a oportunidade de conversar. Muito gente fina, compreende bem o português, embora não fale de forma fluente. Conversamos numa mistura de português e espanhol, assim ambos pudemos aprender um pouco. À medida que o tempo foi passando outros moradores da casa foram chegando, sentindo o cheiro do rango e se juntando a nós sob a luz das velas. Como havia pouca comida pra toda aquela gente que foi chegando (a ideia inicial era um jantar pra quatro pessoas), Gonzalo comprou duas pizzas para engordar a cena. Já na mesa, conheci Luisa, de Lima e Franck, de Londres.



Depois do jantar recolhemos mais contribuições para a compra de mais cervejas. Luisa gentilmente nos cedeu uma garrafa de pisco que havia trazido de Lima, sua terra natal. Depois de muitas conversas e risadas, desci pro meu quarto sem fazer muito alarde, numa típica saída à francesa. A mistura das cervejas com o pisco não me caiu muito bem, digamos assim. Desci pra ir ao banheiro e quando passei pela porta do meu quarto minha cama me fez um convite irrecusável. O que era pra ser uma “deitadinha de boa” virou um sono até a manhã seguinte.

- mercado: 50 pesos

- almoço mexicano: 120 pesos

- cervejas: 85 pesos
La Fábrica de Tacos


Macarena, eu, Pedro e José

Cena!

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Dia 20



Na manhã deste dia não fiz muita coisa além de preparar um café e atualizar este diário que escrevo agora. Ressalto que na casa de Gonzalo tive as melhores condições pra manter este relato devidamente atualizado. No quarto em que estou hospedado, além de tudo que já relatei noutro dia, há também uma escrivaninha com uma luminária, ideal pro abastecimento das linhas que seguem. Aproximadamente as 12h00min saí de casa com destino a Calle Florida para cambiar alguns reais e comprar as tais alpargatas genuinamente porteñas, conforme já havia prometido aos meus amores no Brasil.

Saí caminhando e logo bateu a fome, então resolvi comer um Subway, já que por aqui é algo realmente barato (com cerca de 30 pesos você come um sanduíche de quinze centímetros, sendo que no Brasil são quase R$ 30,00). O problema foi escolher aquela infinidade de ingredientes em espanhol. Se no Brasil nesse momento já me bate uma indecisão monstra, imagine por aqui! Os nomes que eu sabia falar, falava, o que não sabia apontava e boa. No final das contas o lanche ficou até gostoso. Saindo dali, de estômago cheio, estava realmente pronto pra uma caminhada.

Seguindo o mapa do celular, fui me guiando pelas ruas. Nunca pensei que diria isso, mas o tal smartphone realmente fez a diferença aqui em Buenos Aires, sem ele as coisas seriam um pouco mais complicadas digamos assim. Bem, chegando próximo a Calle Florida me dei conta que ali havia muitos prédios oficiais, dentre eles a Casa Rosada. Tirei algumas fotos da Plaza de Mayo, onde também havia um assentamento de ex-combatentes da Guerra do Atlântico Sul.

Me dei conta que ali também estavam os restos mortais do Libertador José de San Martin, alocados num mausoléu enorme. Trata-se da Catedral Metropolitana de Buenos Aires. Como toda igreja, conta com imagens de santos, a Via Crucis retratada em várias telas ao longo das colunas de seu interior, dispostas num grande espaço. Em uma das salas, guardada por dois granaderos, corpo oficial do exército criado por Perón,  devidamente trajados, encontram-se os restos mortais do general. Ficam elevados do solo erguidos sobre um monumento, que lembram as batalhas de Maipú, Chacabuco e Lima. Do lado de fora da Catedral há uma chama que nunca se apaga em memória do libertador.

Depois de alguma andança e um bom tempo de contemplação, segui até a Calle Florida. Troquei mais alguma grana para a compra dos regallos. A escolha foi demorada, havia muitas alpargatas mal acabadas, com excesso de cola, e pelo que bem conheço das pessoas que seriam presenteadas, ai de mim se não estivessem 100%. Rs! Saindo da loja resolvi entrar num McDonald’s pra usar o wi-fi gratuitamente. Dei um desbaratino que estava na fila decidindo o que ia pedir e enquanto isso desfrutava do sinal. Contactei Anita pelo whatsapp, ela estava na Praça de Maio, e lá permaneceu me esperando.

Encontrei-a com o gringo mala que “não compreende” nada. Eu e ela logo vazamos dali, deixando Nick com sua namorada. Como Anita tinha fome, fui novamente arrastado pra um estabelecimento vegano. Nem ia comer nada ali, esperaria pra comer em outro local, mas acabei sendo convencido pelo atendente, alegando que eu não deveria perder a oportunidade de provar algo “distinto”. Pedi um hambúrguer vegano acompanhado de batatas fritas. Que lanche ruim, meu deus! Até a Anita que é toda natureba não gostou do sanduíche e lascou molho pra disfarçar o sabor. Provei algo distinto e posso dizer que não preciso daquilo ali nunca mais. Depois dali saímos pra matar o tempo, pois logo Anita teria sua festa de aniversário num local chamado “Florería Atlântico”, somente às 20h00min. Andamos até a Recoleta, parando em algumas praças, tirando fotos.

Finalmente chegamos ao local da “festa”. Na real ela tinha combinado com alguns amigos, longe de ser propriamente uma festa, enfim. Trata-se de uma loja de flores, onde se tem acesso por uma porta daquelas de frigorífico, a um subsolo onde funciona o bar. Bem interessante o lugar, embora não tivesse nada a ver comigo. Lugar todo requintado, decorado, e eu de bermuda, camiseta, tênis e mochila nas costas. Todos ali estavam de camisa social, parecendo sair da barbearia mais próxima. O que me convenceu de que eu não permaneceria ali foram os preços, simplesmente um absurdo, totalmente fora da realidade (da minha realidade!). Enquanto aguardávamos para que o pessoal começasse a chegar, fomos tomar um sorvete. Depois disso deixei ela com seu amigo Yudji (com quem ela estava morando) e vazei.

Fiz todo o trajeto de volta a pé, da Recoleta até Montserrat. No caminho passei pelo Obelisco, onde havia uma manifestação organizada por estudantes e pela família de um jovem, Ismael Sosa, encontrado morto numa lagoa após uma abordagem policial num festival de música. Conversei com um dos jovens manifestantes para que me explicasse do que se tratava a mobilização. Ele me contou a história e me deu um panfleto com um breve resumo do caso. Nesse instante senti as realidades brasileiras e argentinas muito próximas uma da outra. Depois de algumas fotos tiradas, segui meu caminho de volta. Orientado pelo meu mapa virtual. No trajeto havia muitas pessoas nas ruas, creio em função do jogo de Libertadores. No caminho parei numa pizzaria chamada Kentucky, já bem recomendada pela Anita. Depois de dois pedaços de napolitana e uma coca, fui pra casa e por lá permaneci, morto que estava.   
- Subway (sanduíche + refrigerante): 45 pesos
- Lanche vegano: 80 pesos
- Sorvete: 25 pesos
- Pizza: 55 pesos
Catedral Metropolitana de Buenos Aires

Plaza de Mayo

Casa Rosada


Granaderos

Restos mortais de José de San Martin

Alguma praça na Recoleta

Jovem militante que aparenta ser questionado por um senhor.

domingo, 14 de junho de 2015

Dia 19



No dia seguinte, minha primeira manhã na “pensão”, levantei cedo depois de descansar numa cama muito boa, num quarto com ventilador só pra mim (sem a necessidade de dividi-lo com mais nove pessoas, como no Play Hostel). Fui até a cozinha preparar um café e logo conheci Emanuel, um jovem de 17 anos apenas, embora muito inteligente. Falamos sobre política, economia, entre outras coisas. Este me contou que era recém chegado a Buenos Aires, pra estudar no Instituto Tecnológico de Buenos Aires. Embora em alguns momentos apresentasse uma visão um pouco inocente de certas coisas, digamos assim, era demasiado culto pra sua idade.



Logo Pepe, o finlandês que na noite anterior havia me mostrado a casa, juntou-se a nós. Aí o papo entrou em certas questões históricas como colonização, eurocentrismo, papel do indígena na sociedade atual, etc. Muito proveitosa à troca de ideias, conversamos por pouco mais de uma hora. Próximo do horário de almoço me arrumei pra encontrar Anita em sua casa, em Palermo. Pra isso, deveria pegar o ônibus 37 na Avenida Belgrano, com parada na Praça Itália. Cerca de vinte e cinco minutos depois de subir para o ônibus, desci na tal praça. Ali eu já estava ambientado e fui direto pra casa de Anita sem demais problemas.



Cheguei lá no horário combinado, às 13h30min, tendo que espera-la por 40 minutos (mal sabia ela que eu adoro esperar). Passado esse tempo, chega Anita com um amigo de sua classe de espanhol, um californiano chamado Nick, que iria almoçar conosco. A princípio o cara era bem de boa, fui logo trocando ideia pro cara não se sentir excluído. Iríamos num restaurante árabe chamado Sarkis, muito bom por sinal. Pedimos charutos, falafel, pão sírio e húmus. Pegamos porções pequenas, seguindo recomendação de Anita, mas ficamos todos satisfeitos.



No decorrer do almoço o sujeito mostrou-se um puta mala sem alça. O cara não entendia nada do que comentávamos (e não por não saber traduzir, pois ele compreende até bem o espanhol, mas por falta de malícia mesmo). Tudo era motivo pro cara soltar um “não compreendo, Anita!”, de uma forma pausada e irritante pra caralho. Já não via a hora daquele maluco vazar logo, benzadeus. Terminamos o almoço e o gringo tomou seu rumo, finalmente. Eu e Anita partimos então pro bairro de La Boca, a fim de conhecer o museu Boquense.



Chegando às proximidades já se nota a diferença social gritante. Ruas mais sujas, pessoas mais humildes de origem negra e indígena, diferente daquela Buenos Aires branca observada até então. De imediato fomos à uma lojinha perguntar onde poderíamos comprar ingressos pro jogo de quinta-feira, pela Copa Libertadores da América. A atendente da loja tratou logo de nos amedrontar, dizendo para que tomássemos cuidado porque no dia anterior haviam cortado a garganta de um turista por conta de seu celular. Bom, levamos o conselho a sério e fomos procurar tickets para o museu. Acabei me frustrando, pois o museu estava fechado e não sabiam dizer o porquê, já que não era dia de jogo e deveria estar aberto.



Quanto aos ingressos pro jogo, o funcionário da bilheteria nos disse que todos já tinham sido vendidos de forma antecipada (para associados do clube), e os vendidos nas ruas por cambistas eram todos falsos, desencorajando-nos a fazer qualquer tentativa de encontrar por um par de ingressos. Depois de um role frustrado pelo estádio, tiramos algumas fotos e partimos pra uma tenda oficial a fim de levar algumas lembranças. Acabei comprando uma camiseta para o meu velho e um shorts e meião pra mim. Nessa loja pude perceber como alguns brasileiros são escrotos. Dois casais que faziam compras pediam tudo em português com a atendente, que se esforçava para entendê-los.



Porra, ta no país dos caras, empreenda um mínimo de esforço para praticar a língua, não custa nada. Enfim, cada um desfruta de sua viagem da forma que acha melhor. Saímos dali e fomos a uma outra loja, a qual a vendedora tinha nos aconselhado a tomar cuidado, pois Anita havia gostado de uma camiseta do Boca retro, do ano de 1980. Nessa loja trocamos muita ideia com as vendedoras, que foram muito simpáticas conosco, demos muita risada. Além da camisa retrô e uma bermuda, Anita comprou uma camiseta pro seu irmãozinho. Saímos dali e fomos embora pra San Telmo, pois Filipe faria um churrasco em seu prédio e havia nos convidado.



Chegamos lá por volta das 19h00min e fomos até o supermercado comprar carne e as cervejas. Feitas as compras, eu e Filipe subimos pra churrasqueira a fim de acender o fogo, tomando umas beras e rachando o bico. O processo de acendimento do fogo acabou sendo um aprendizado pra mim, pois o assado porteño é feito de outra forma, não como fazemos no Brasil. A churrasqueira deles consiste numa superfície plana, um balcão, com um exaustor em cima. O carvão é colocado sobre uma armação metálica. Após seu acendimento, se espera o carvão se converter em brasa. Quando isso acontece, os pequenos pedaços incandescentes caem sobre o balão, aí nós os arrastamos com a ajuda de uma pá pra baixo da grelha, onde já estão as carnes. O preparo é controlado por meio de uma manivela lateral, que se roda para aproximar ou afastar as carnes da s brasas. Muito curioso esse tipo de churrasco.

Já com o fogo aceso, subiram Anita, Marina (namorada do Filipe) e sua sogra. Chegou também um amigo do Filipe, o “carioca” Bruno. Comemos, bebemos e demos muitas risadas. Depois das mulheres terem ido embora nós começamos o “papo de boleiro”, permanecendo nessa até por volta da 01h00min, quando finalmente fomos embora. Peguei o número 103 a uma quadra da casa do Filipe. Esperei cerca de dez minutos no ponto e o bus já chegou, muito eficiente o transporte público de Buenos Aires. Funcionam 24 horas e por um preço aceitável (subsidiado pelo governo). Saltei a duas quadras da casa sem erro algum. Assim que cheguei, embriagado que estava, logo durmi.

- almoço no “Sakis”: 77 pesos

- gastos na loja do Boca: 800 pesos

- gastos para o churras: 100 pesos



Dali que o Maradona assiste aos jogos.

João Romão e eu!