terça-feira, 1 de setembro de 2015

Dia 25 - o último!




Este seria meu último dia completo na cidade, e também em território argentino, pois na manhã seguinte partiria meu vôo de volta ao Brasil. Estava a fim de aproveitar meu último dia conhecendo mais alguma coisa da cidade. A opção que estava em minha mente era o Monumental de Nuñez, estádio do River Plate. Porém, meus planos já começariam a ser atrapalhados pelo extremo cansaço sentido por mim, resultado de uma longa caminhada no dia anterior. Acordei, já era hora do almoço. Escrevi algumas páginas neste diário, almocei e passei grande parte da tarde organizando minhas coisas pra partir no dia seguinte, de modo que não esquecesse nada.



No início da noite teria minha última partida de futebol em solo porteño, a convite de Filipe. Antes de partir pro futebol, fui ao mercado com Pedro e José a fim de comprar algumas coisas para o preparo de um jantar logo mais, essa seria minha forma de retribuir ao excelente tratamento que me foi dado nos dias em que permaneci naquela cidade. Arrumada minha mochila, compras pro jantar já realizadas, era hora de partir pra San Telmo pra encontrar com Filipe.



Bem, sobre a partida não há muito que relatar, farei uso deste espaço então para agradecer. Foi graças a Filipe (e também à Gonzalo – torcedor do Racing) que pude bater uma bola com os hermanos e conhecer também um pouco da “cultura futebolística” dos caras. Além disso, mesmo não podendo me receber por uns dias em sua casa, fez questão de me colocar em contato com Gonzalo, por onde havia morado por cerca de um ano. Apresentou-me à galera da casa, onde fui muito bem recebido. Atitudes como essa me faz crer ainda mais que amigos também são aqueles com os quais não temos muito contato, por razões do dia a dia de cada um, e até por razões geográficas, mas que quando nos encontramos vemos que pouca coisa mudou (quase nada, na real).



Depois da partida voltei rapidamente, pois havia um jantar me esperando. Assim que cheguei já estava tudo pronto e quase toda a galera já estava ali, com exceção de Pepe e Luisa que não regressariam pra casa naquela noite. Tomei um banho, desci e começamos a conversar ao redor da mesa. Estariam presentes no jantar Franck, o inglês com o qual tive pouco contato, e uma francesa que havia chegado naquela noite pra morar na casa (e minha memória não guardou seu nome pra esse relato, infelizmente).



Gonzalo me entregou um gravador de mão e me pediu que eu gravasse uma mensagem a todos da casa, primeiramente em espanhol e depois em português. Disse ser uma tradição de todos aqueles que passavam por ali em algum momento de suas vidas. Não me recordo exatamente o que disse ali diante de todos, mas agradeci a recepção da galera da casa, que me trataram muito bem em todas as ocasiões, e se colocaram à minha disposição pra me ajudar no que quer que fosse. Gostaria muito de poder ouvir aquelas palavras ditas por mim (e saber se meu nervosismo permitiu que eu dissesse tudo àquilo que queria)!



Depois do jantar eu já estava pronto pra dormir quando fui convidado por Macarena pra assistir um filme com a galera na sala. Depois de ser convidado, “em português”, não poderia recusar tal convite, rs! Durante o filme perceberíamos que minha última noite em Buenos Aires revelaria ainda alguma surpresa. Em determinado momento fomos surpreendidos por um enorme estrondo na sala de jantar, próxima à cozinha. Ficamos estáticos, tomados pelo susto, e quando resolvemos levantar pra ver o que teria se passado, veio outro estrondo, ainda maior que o primeiro! Nesse ponto já pensávamos que tinha alguém tentando invadir a casa.



Quando veio o terceiro estrondo, já estávamos todos de pé tentando entender o que se passava. Subimos pro andar de cima, já na expectativa de dar de cara com o “invasor”. Nesse momento a polícia já tinha sido acionada e já estava a caminho. Não permaneceram ali por muito tempo, fizeram algumas perguntas e logo foram embora. Passado o susto, nos demos conta que os estrondos foram causados por enormes blocos de mármore que simplesmente despencaram do prédio vizinho, caindo sobre a claraboia da sala de jantar, que era feita de uma espécie de fibra ou acrílico.
Depois de muitas teorias, chegamos à explicação mais lógica para o ocorrido: como havia papelão molhado junto aos pedaços de mármore e naquela noite chovia consideravelmente, supomos que alguém do prédio vizinho havia deixado o bloco de mármore guardado dentro de uma caixa de papelão no parapeito do prédio (que estava em obras). A chuva molhou o papelão, que cedeu com o peso do bloco de mármore, fazendo com que o mesmo caísse na sala de jantar, depois de atravessar a claraboia. Por sorte não havia ninguém por ali. Se acontecesse mais cedo, na hora do jantar, certamente o resultado seria fatal.



Felizmente não foi o que ocorreu! Somente um susto e uma história a mais pra trazer na bagagem. Depois de passada toda a adrenalina, fui dormir já eram quase 5 da matina. Em algumas horas já estava de pé pra pegar o vôo de volta. Da cidade de Buenos Aires só ficaram boas recordações, e muitas delas se devem aos novos amigos feitos na Calle Moreno. Não poderia ter sido recebido de melhor maneira naquela cidade, agradeço a todos pelo carinho que me foi dado nos dias em que estive presente naquela casa. Me faltam palavras pra dizer o quanto todos foram importantes durante minha estadia por lá. Conversas, risadas, rolês e boas histórias foram compartilhadas. Carregarei todos comigo em minhas lembranças, pra sempre!  É esse tipo de coisa que a final de contas importa numa viagem, a meu ver. Serei eternamente grato por ter topado sempre com boas pessoas por todos os lugares aos quais passei durante esses 25 dias em território argentino e chileno. Espero ansiosamente pelas próximas paisagens, por novos amigos, e pela sensação de extrema pequenez quando nos colocamos em perspectiva diante da imensidão do mundo.






Bloco de mármore, depois de montado

Claraboia (na tentativa de ilustrar o que narrei acima)

Costanera, minha última foto em Buenos Aires.


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