quarta-feira, 17 de junho de 2015

Dia 22



Na manhã deste dia parecia que um caminhão tinha passado bem em cima da minha cabeça. Me recordo de ter levantado de manhãzinha, com o quarto todo fechado, o ventilador desligado (a luz ainda não havia voltado), e eu dormindo de blusa de flanela e tênis naquele forno. Sem contar o cheiro de fumaça que impregnava minhas roupas (havíamos queimado uma lenha na churrasqueira pra “iluminar” o ambiente). Fui o primeiro a acordar, a casa estava toda em silêncio. Fiquei no meu quarto e logo apareceu Luisa, a peruana de Lima, e conversamos brevemente sobre a noite anterior. Depois de algumas risadas ela me fez um convite pra almoçar. Não tinha assim tanta fome, mas topei.



Saímos sem destino definido, quando na rua decidimos ir ao Parque Centenário. Como ainda não conhecia, logo topei o rolê. Pegamos um colectivo em frente ao Congresso, mas não me recordo o número dele. Ah, antes disso deixamos nossos celulares pra carregar na academia onde Luisa treinava. O parque é um lugar bem legal, com um lago cheio de peixes, parquinho para as crianças, extensos gramados onde se juntam jovens e pessoas de mais idade. Aliás, essa foi uma das boas impressões da cidade: seus espaços públicos são muito bem utilizados. Como se trata de lugares bem conservados, limpos, isso atrai as pessoas para o convívio nestes locais. Além do mais, o governo incentiva tal utilização destes espaços públicos por meio de publicidade, dizendo ser uma ótima opção de lazer, e o que é melhor, gratuita.



Nele também havia uma longa feira ao ar livre, na qual se encontrava de tudo, tudo mesmo! Desde as coisas mais inúteis como garrafas velhas de refrigerante, até brinquedos e roupas usadas. Facilmente se passa uma hora ali caminhando pelo local. Depois de muita caminhada sob o sol forte, a fome finalmente bateu firme. Já era por volta das 16h00min quando tomamos o ônibus para retornar. De volta ao centro, resolvemos comer no Subway (havia um bem próximo da casa, na Av. Belgrano). Antes disso passamos na academia para retirar nossos celulares, devidamente carregados. Comendo, pude conectar ao wi-fi do local e atualizar algumas informações das pessoas que quero bem no Brasil. De estômago cheio, voltamos pra casa. Luisa agradeceu o rolê dizendo-me que eu era uma pessoa muito simpática por ter aceitado seu convite, mesmo sem conhecê-la muito bem. Na verdade o sortudo era eu, por poder contar com uma pessoa tão "buena onda" como Luisa!



Retornando à casa logo percebemos que a luz havia voltado, o que nos deixou felizes (somos muito dependentes da eletricidade, e além disso eu precisava utilizar a máquina de lavar, rs!). É bem verdade que em Torres del Paine, nos dias em que fiquei isolado, longe das regalias que temos na vida em sociedade, não senti muito a falta de luz, internet, celular, essas coisas. Creio que a dura rotina à qual nos submetemos por lá nos faz esquecer desse tipo de coisas “mundanas”, por assim dizer. Lá as preocupações eram acordar cedo, desfazer o acampamento, andar o dia todo com tudo levado nas costas, chegar até o próximo ponto de camping, armar tudo novamente, cozinhar, comer e dormir, para repetir tudo no dia seguinte. Numa rotina assim seu corpo (e sua mente!) acaba se esquecendo que foi condicionado a sentir falta disso tudo. Por metade de um dia e uma noite inteira, estava submetido novamente a isso, e no fim das contas a falta de luz uniu a galera da casa, já que em condições normais, sem a ausência da energia elétrica, todos provavelmente chegariam à noite e se recolheriam em seus quartos, conectando-se logo ao facebook, whatsapp, etc. Viva a ausência da luz!



Com a volta da energia, finalmente pude lavar minhas roupas. Terminada essa tarefa, juntei-me à galera e, mesmo sem ter passado direito a ressaca da noite anterior, decidimos comprar algumas cervejas, afinal de contas era sábado. Nessa noite eu não tinha planos pra sair, meu corpo ainda cobrava a conta da noite anterior. Tomei mais algumas cervejas com a galera. Conversamos bastante, demos muita risada, bem como na noite anterior. Depois de tudo fui descansar.

- Subway (30 cm): 85 pesos

- Cervejas: 35 pesos

- Pizza Uggi’s: 43 pesos
Parque Centenário



Dia 21



Este dia seria marcado pela ida de Anita ao Uruguai, deixando assim o posto de guia turística que havia ocupado até agora. Combinamos de almoçar juntos pela última vez em Buenos Aires. Acordei cedo para atualizar este diário, mas antes fui ao mercado para comprar açúcar e leite. Havia um mercado pequeno próximo à casa de Gonzalo, cujos donos são imigrantes chineses (o que é muito comum por aqui nesse ramo). Para ir até Palermo tomei o ônibus 37 como de costume, na Av. Entre Ríos e saltei no Parque de Las Heras, o que me fez ter de caminhar algumas quadras a mais, o que pra mim não tem muito problema, ainda mais estando numa cidade distinta como Buenos Aires.



Encontrei com Anita no seu prédio, às 13h30min. Comeríamos num local chamado La Fábrica de Tacos. Muito bom o local! Todo decorado com uma temática mexicana, bem simples, o que me agradou. Mas o que marcou de fato o almoço foi o “mimimi” da Anita por conta de uma gorjeta. Eu explico! De imediato, Anita não gostou muito do local, pois pediu um taco vegetariano e veio um pedaço de carne (pequeno, mas era carne), que aparentava ser do meu taco, uma vez que os dois pedidos foram preparados juntos. Depois de meter a boca no local por conta do ocorrido, perguntou se eu não era parceiro de procurar outro local pra comer. Disse a ela que não, pois havia gostado do meu taco e ainda gostaria de provar um outro de carne de porco.



Pode ser que a minha recusa a tenha deixado de cara, enfim, continuamos por lá. Depois de provar o segundo taco, estava realmente satisfeito, sendo assim, pedimos a conta. Anita deu a parte dela, algo em torno de 77 pesos, restando 120 pesos que seria a minha parte. Juntei 120 pesos e deixei na mesa, quitando assim o total da conta. Pronto, estava armado o circo. Anita passou a dizer que eu tinha que dar mais dinheiro porque eles contavam com a grana da gorjeta, digamos assim. Mas o que a deixou puta mesmo foi quando disse que ninguém me dá o dinheiro que eu ganho, então não saio dando assim só porque ela quer. Rs!



Saímos dali e continuamos a “discussão” pela rua. Mas é impossível discutir com a Anita! Ô guria teimosa. Passou então a dizer que eu estava gritando com ela, coisa que eu não estava fazendo (quem me conhece sabe que meu tom de voz é naturalmente alto mesmo), e num dado momento, quando caminhávamos eu toquei em seu braço pra argumentar e ela soltou essa: “Vai me empurrar agora?” Só rindo mesmo... Depois disso dei a discussão por encerrada e me calei. Enfim, depois dali fomos retirar um ingresso que ela havia comprado pra um show do Pedro Aznar, que haveria na cidade. Me despedi dela agradecendo pela parceria e pelos rolês. Conheci muita coisa devido ao faro dela. Dei um abraço, um beijo, mas não me contive e lancei: “E eu estou longe de ser mesquinho, você não me conhece!”. E assim fui embora. Apenas um desentendimento, nada mais! A Anita é uma guria fora de série, parceira de rolê pra todo lado da cidade, a treta fica por conta das duas personalidades em questão...



Voltei pra casa do Gonzalo, pois tinha a intenção de lavar umas roupas, já que gentilmente ele havia me disponibilizado a lavanderia da casa. Chegando lá, de imediato percebi que não havia luz, fato este que me possibilitou conhecer melhor os outros membros da casa, que até então não tinha tido a oportunidade. Com a ausência da eletricidade sentei-me na área de convívio da casa para atualizar meu diário de viagem, aproveitando a luz natural de uma claraboia para escrever. Foi quando Pedro e José, os brasileiros que moram na casa, perguntaram se eu não era parceiro de comprar umas cervejas, pois Pedro tinha um cupom promocional, que com o qual pagaríamos menos se comprássemos acima de seis unidades.



Como já era algo que planejava fazer para agradecer a hospitalidade de todos, aceitei. Me convidaram também para jantar com eles. Durante o preparo do jantar, já com a casa toda escura, iluminada somente por algumas velas, conheci Macarena, uma guria do Uruguai a qual já tinha sido apresentada no primeiro dia meu na casa, mas que não tinha tido a oportunidade de conversar. Muito gente fina, compreende bem o português, embora não fale de forma fluente. Conversamos numa mistura de português e espanhol, assim ambos pudemos aprender um pouco. À medida que o tempo foi passando outros moradores da casa foram chegando, sentindo o cheiro do rango e se juntando a nós sob a luz das velas. Como havia pouca comida pra toda aquela gente que foi chegando (a ideia inicial era um jantar pra quatro pessoas), Gonzalo comprou duas pizzas para engordar a cena. Já na mesa, conheci Luisa, de Lima e Franck, de Londres.



Depois do jantar recolhemos mais contribuições para a compra de mais cervejas. Luisa gentilmente nos cedeu uma garrafa de pisco que havia trazido de Lima, sua terra natal. Depois de muitas conversas e risadas, desci pro meu quarto sem fazer muito alarde, numa típica saída à francesa. A mistura das cervejas com o pisco não me caiu muito bem, digamos assim. Desci pra ir ao banheiro e quando passei pela porta do meu quarto minha cama me fez um convite irrecusável. O que era pra ser uma “deitadinha de boa” virou um sono até a manhã seguinte.

- mercado: 50 pesos

- almoço mexicano: 120 pesos

- cervejas: 85 pesos
La Fábrica de Tacos


Macarena, eu, Pedro e José

Cena!

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Dia 20



Na manhã deste dia não fiz muita coisa além de preparar um café e atualizar este diário que escrevo agora. Ressalto que na casa de Gonzalo tive as melhores condições pra manter este relato devidamente atualizado. No quarto em que estou hospedado, além de tudo que já relatei noutro dia, há também uma escrivaninha com uma luminária, ideal pro abastecimento das linhas que seguem. Aproximadamente as 12h00min saí de casa com destino a Calle Florida para cambiar alguns reais e comprar as tais alpargatas genuinamente porteñas, conforme já havia prometido aos meus amores no Brasil.

Saí caminhando e logo bateu a fome, então resolvi comer um Subway, já que por aqui é algo realmente barato (com cerca de 30 pesos você come um sanduíche de quinze centímetros, sendo que no Brasil são quase R$ 30,00). O problema foi escolher aquela infinidade de ingredientes em espanhol. Se no Brasil nesse momento já me bate uma indecisão monstra, imagine por aqui! Os nomes que eu sabia falar, falava, o que não sabia apontava e boa. No final das contas o lanche ficou até gostoso. Saindo dali, de estômago cheio, estava realmente pronto pra uma caminhada.

Seguindo o mapa do celular, fui me guiando pelas ruas. Nunca pensei que diria isso, mas o tal smartphone realmente fez a diferença aqui em Buenos Aires, sem ele as coisas seriam um pouco mais complicadas digamos assim. Bem, chegando próximo a Calle Florida me dei conta que ali havia muitos prédios oficiais, dentre eles a Casa Rosada. Tirei algumas fotos da Plaza de Mayo, onde também havia um assentamento de ex-combatentes da Guerra do Atlântico Sul.

Me dei conta que ali também estavam os restos mortais do Libertador José de San Martin, alocados num mausoléu enorme. Trata-se da Catedral Metropolitana de Buenos Aires. Como toda igreja, conta com imagens de santos, a Via Crucis retratada em várias telas ao longo das colunas de seu interior, dispostas num grande espaço. Em uma das salas, guardada por dois granaderos, corpo oficial do exército criado por Perón,  devidamente trajados, encontram-se os restos mortais do general. Ficam elevados do solo erguidos sobre um monumento, que lembram as batalhas de Maipú, Chacabuco e Lima. Do lado de fora da Catedral há uma chama que nunca se apaga em memória do libertador.

Depois de alguma andança e um bom tempo de contemplação, segui até a Calle Florida. Troquei mais alguma grana para a compra dos regallos. A escolha foi demorada, havia muitas alpargatas mal acabadas, com excesso de cola, e pelo que bem conheço das pessoas que seriam presenteadas, ai de mim se não estivessem 100%. Rs! Saindo da loja resolvi entrar num McDonald’s pra usar o wi-fi gratuitamente. Dei um desbaratino que estava na fila decidindo o que ia pedir e enquanto isso desfrutava do sinal. Contactei Anita pelo whatsapp, ela estava na Praça de Maio, e lá permaneceu me esperando.

Encontrei-a com o gringo mala que “não compreende” nada. Eu e ela logo vazamos dali, deixando Nick com sua namorada. Como Anita tinha fome, fui novamente arrastado pra um estabelecimento vegano. Nem ia comer nada ali, esperaria pra comer em outro local, mas acabei sendo convencido pelo atendente, alegando que eu não deveria perder a oportunidade de provar algo “distinto”. Pedi um hambúrguer vegano acompanhado de batatas fritas. Que lanche ruim, meu deus! Até a Anita que é toda natureba não gostou do sanduíche e lascou molho pra disfarçar o sabor. Provei algo distinto e posso dizer que não preciso daquilo ali nunca mais. Depois dali saímos pra matar o tempo, pois logo Anita teria sua festa de aniversário num local chamado “Florería Atlântico”, somente às 20h00min. Andamos até a Recoleta, parando em algumas praças, tirando fotos.

Finalmente chegamos ao local da “festa”. Na real ela tinha combinado com alguns amigos, longe de ser propriamente uma festa, enfim. Trata-se de uma loja de flores, onde se tem acesso por uma porta daquelas de frigorífico, a um subsolo onde funciona o bar. Bem interessante o lugar, embora não tivesse nada a ver comigo. Lugar todo requintado, decorado, e eu de bermuda, camiseta, tênis e mochila nas costas. Todos ali estavam de camisa social, parecendo sair da barbearia mais próxima. O que me convenceu de que eu não permaneceria ali foram os preços, simplesmente um absurdo, totalmente fora da realidade (da minha realidade!). Enquanto aguardávamos para que o pessoal começasse a chegar, fomos tomar um sorvete. Depois disso deixei ela com seu amigo Yudji (com quem ela estava morando) e vazei.

Fiz todo o trajeto de volta a pé, da Recoleta até Montserrat. No caminho passei pelo Obelisco, onde havia uma manifestação organizada por estudantes e pela família de um jovem, Ismael Sosa, encontrado morto numa lagoa após uma abordagem policial num festival de música. Conversei com um dos jovens manifestantes para que me explicasse do que se tratava a mobilização. Ele me contou a história e me deu um panfleto com um breve resumo do caso. Nesse instante senti as realidades brasileiras e argentinas muito próximas uma da outra. Depois de algumas fotos tiradas, segui meu caminho de volta. Orientado pelo meu mapa virtual. No trajeto havia muitas pessoas nas ruas, creio em função do jogo de Libertadores. No caminho parei numa pizzaria chamada Kentucky, já bem recomendada pela Anita. Depois de dois pedaços de napolitana e uma coca, fui pra casa e por lá permaneci, morto que estava.   
- Subway (sanduíche + refrigerante): 45 pesos
- Lanche vegano: 80 pesos
- Sorvete: 25 pesos
- Pizza: 55 pesos
Catedral Metropolitana de Buenos Aires

Plaza de Mayo

Casa Rosada


Granaderos

Restos mortais de José de San Martin

Alguma praça na Recoleta

Jovem militante que aparenta ser questionado por um senhor.

domingo, 14 de junho de 2015

Dia 19



No dia seguinte, minha primeira manhã na “pensão”, levantei cedo depois de descansar numa cama muito boa, num quarto com ventilador só pra mim (sem a necessidade de dividi-lo com mais nove pessoas, como no Play Hostel). Fui até a cozinha preparar um café e logo conheci Emanuel, um jovem de 17 anos apenas, embora muito inteligente. Falamos sobre política, economia, entre outras coisas. Este me contou que era recém chegado a Buenos Aires, pra estudar no Instituto Tecnológico de Buenos Aires. Embora em alguns momentos apresentasse uma visão um pouco inocente de certas coisas, digamos assim, era demasiado culto pra sua idade.



Logo Pepe, o finlandês que na noite anterior havia me mostrado a casa, juntou-se a nós. Aí o papo entrou em certas questões históricas como colonização, eurocentrismo, papel do indígena na sociedade atual, etc. Muito proveitosa à troca de ideias, conversamos por pouco mais de uma hora. Próximo do horário de almoço me arrumei pra encontrar Anita em sua casa, em Palermo. Pra isso, deveria pegar o ônibus 37 na Avenida Belgrano, com parada na Praça Itália. Cerca de vinte e cinco minutos depois de subir para o ônibus, desci na tal praça. Ali eu já estava ambientado e fui direto pra casa de Anita sem demais problemas.



Cheguei lá no horário combinado, às 13h30min, tendo que espera-la por 40 minutos (mal sabia ela que eu adoro esperar). Passado esse tempo, chega Anita com um amigo de sua classe de espanhol, um californiano chamado Nick, que iria almoçar conosco. A princípio o cara era bem de boa, fui logo trocando ideia pro cara não se sentir excluído. Iríamos num restaurante árabe chamado Sarkis, muito bom por sinal. Pedimos charutos, falafel, pão sírio e húmus. Pegamos porções pequenas, seguindo recomendação de Anita, mas ficamos todos satisfeitos.



No decorrer do almoço o sujeito mostrou-se um puta mala sem alça. O cara não entendia nada do que comentávamos (e não por não saber traduzir, pois ele compreende até bem o espanhol, mas por falta de malícia mesmo). Tudo era motivo pro cara soltar um “não compreendo, Anita!”, de uma forma pausada e irritante pra caralho. Já não via a hora daquele maluco vazar logo, benzadeus. Terminamos o almoço e o gringo tomou seu rumo, finalmente. Eu e Anita partimos então pro bairro de La Boca, a fim de conhecer o museu Boquense.



Chegando às proximidades já se nota a diferença social gritante. Ruas mais sujas, pessoas mais humildes de origem negra e indígena, diferente daquela Buenos Aires branca observada até então. De imediato fomos à uma lojinha perguntar onde poderíamos comprar ingressos pro jogo de quinta-feira, pela Copa Libertadores da América. A atendente da loja tratou logo de nos amedrontar, dizendo para que tomássemos cuidado porque no dia anterior haviam cortado a garganta de um turista por conta de seu celular. Bom, levamos o conselho a sério e fomos procurar tickets para o museu. Acabei me frustrando, pois o museu estava fechado e não sabiam dizer o porquê, já que não era dia de jogo e deveria estar aberto.



Quanto aos ingressos pro jogo, o funcionário da bilheteria nos disse que todos já tinham sido vendidos de forma antecipada (para associados do clube), e os vendidos nas ruas por cambistas eram todos falsos, desencorajando-nos a fazer qualquer tentativa de encontrar por um par de ingressos. Depois de um role frustrado pelo estádio, tiramos algumas fotos e partimos pra uma tenda oficial a fim de levar algumas lembranças. Acabei comprando uma camiseta para o meu velho e um shorts e meião pra mim. Nessa loja pude perceber como alguns brasileiros são escrotos. Dois casais que faziam compras pediam tudo em português com a atendente, que se esforçava para entendê-los.



Porra, ta no país dos caras, empreenda um mínimo de esforço para praticar a língua, não custa nada. Enfim, cada um desfruta de sua viagem da forma que acha melhor. Saímos dali e fomos a uma outra loja, a qual a vendedora tinha nos aconselhado a tomar cuidado, pois Anita havia gostado de uma camiseta do Boca retro, do ano de 1980. Nessa loja trocamos muita ideia com as vendedoras, que foram muito simpáticas conosco, demos muita risada. Além da camisa retrô e uma bermuda, Anita comprou uma camiseta pro seu irmãozinho. Saímos dali e fomos embora pra San Telmo, pois Filipe faria um churrasco em seu prédio e havia nos convidado.



Chegamos lá por volta das 19h00min e fomos até o supermercado comprar carne e as cervejas. Feitas as compras, eu e Filipe subimos pra churrasqueira a fim de acender o fogo, tomando umas beras e rachando o bico. O processo de acendimento do fogo acabou sendo um aprendizado pra mim, pois o assado porteño é feito de outra forma, não como fazemos no Brasil. A churrasqueira deles consiste numa superfície plana, um balcão, com um exaustor em cima. O carvão é colocado sobre uma armação metálica. Após seu acendimento, se espera o carvão se converter em brasa. Quando isso acontece, os pequenos pedaços incandescentes caem sobre o balão, aí nós os arrastamos com a ajuda de uma pá pra baixo da grelha, onde já estão as carnes. O preparo é controlado por meio de uma manivela lateral, que se roda para aproximar ou afastar as carnes da s brasas. Muito curioso esse tipo de churrasco.

Já com o fogo aceso, subiram Anita, Marina (namorada do Filipe) e sua sogra. Chegou também um amigo do Filipe, o “carioca” Bruno. Comemos, bebemos e demos muitas risadas. Depois das mulheres terem ido embora nós começamos o “papo de boleiro”, permanecendo nessa até por volta da 01h00min, quando finalmente fomos embora. Peguei o número 103 a uma quadra da casa do Filipe. Esperei cerca de dez minutos no ponto e o bus já chegou, muito eficiente o transporte público de Buenos Aires. Funcionam 24 horas e por um preço aceitável (subsidiado pelo governo). Saltei a duas quadras da casa sem erro algum. Assim que cheguei, embriagado que estava, logo durmi.

- almoço no “Sakis”: 77 pesos

- gastos na loja do Boca: 800 pesos

- gastos para o churras: 100 pesos



Dali que o Maradona assiste aos jogos.

João Romão e eu!

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Dia 18



Acordei cedo, tomei meu café e desci para atualizar este diário de viagem. Hoje era o dia de partir do Play Hostel. À medida que a galera foi acordando, todos foram se juntando no refeitório. Como já havia comido mais cedo que todos, subi com minha câmera e um pequeno caderno para registrar o momento e pegar o contato de todos. Marquei nome, e-mail e facebook, com o intuito de enviar-lhes as fotos que tirei. Depois de muitas risadas e conversa, desci para arrumar minhas coisas e tomar um banho.



Tralhas arrumadas e banho tomado era hora de me despedir dos novos amigos e partir. Ficarão em minhas memórias todos eles! Mesmo que tenhamos convivido poucos dias, tive uma impressão muito positiva de todos. Novamente sinto a sensação de que, na vastidão do mundo, sempre encontraremos pessoas que se assemelham a nós, sejam nas ideias, visão de mundo, enfim, ali eu me senti em casa! De lá parti pra casa de Anita para almoçarmos.



Anita me arrastou pra comer num restaurante vegetariano (denovo, já que a última vez que tinha lhe visitado em São Paulo também tinha me levado num desse). Comi uma espécie de risoto com um tipo de queijo lá que não me recordo qual era. Confesso que não estava ruim, mas definitivamente não estou acostumado a esse tipo de alimentação. Inicialmente nossos planos eram deixar minhas coisas no Filipe (amigo que mora em Buenos Aires e tinha ficado de arrumar abrigo pra mim por uns dias) em San Telmo e depois rumar ao estádio do Boca. Como fazia muito calor neste dia, achamos que seria melhor se ficássemos na casa dele pra passar a tarde, já que no prédio havia piscina.



Chegamos lá e tivemos que esperá-lo por cerca de 40 minutos, pois o mesmo tinha ido ao bairro chinês para fazer compras. Assim que ele chegou, acompanhado de sua namorada e sogra, subimos, nos trocamos, e partimos para a piscina. De lá se vê quase toda a cidade, com destaque para a moderna região de Puerto Madero. Lá havia três prédios novos, grandes torres, onde se encontrava na cobertura de uma delas, a residência de Messi em Buenos Aires. Eu e Filipe ficamos por ali trocando ideia, lembrando das presepadas da viagem à Bolívia e Peru, em 2011. Depois de muitas risadas, descemos para pegar as coisas e bater uma bola com os “hermanos”. Filipe havia me convidado pela manhã pra jogar uma pelada e eu, fominha que sou, topei na hora.



A partida seria numa quadra próxima à sua casa, construída embaixo de um viaduto. Excelente aproveitamento do espaço urbano. Na Argentina essa é uma prática comum, existem vários espaços como esse. A quadra tinha as proporções de uma quadra de futsal normal, porém o piso era composto de um material sintético bem ralo (semelhante às quadras de futebol suíço que temos no Brasil). Era minha obrigação mostrar porque somos o país do futebol, rs! De imediato vi que os caras eram uns peladeiros, havendo um e outro que jogavam bem. Os argentinos tem pouca base de futsal, em todo o momento buscam lançamentos e jogadas longas, como se quisessem trazer o campo pra dentro de quadra.



O único cara com quem dava pra preparar alguma jogada em conjunto era um maluco que usava uma camisa do Barcelona. Em resumo, esperava mais do nível dos caras, vejo porque somos o país do futebol, embora que atualmente não vivamos o melhor dos momentos dentro de campo (e também fora dele). Mas foi uma boa experiência, há tempos não jogava, consegui suar bastante. Agradecimentos à Anita, que registrou o momento para que não se perdesse, e para Filipe, que me incluiu na pelada. De lá, Anita foi pra sua casa e Filipe me levou até a casa de seu amigo Gonzalo, que gentilmente me receberia por uns dias.



A casa de Gonzalo fica em Montserrat, bairro ao lado de San Telmo, nas cercanias do Congresso Nacional e da sede da Polícia Federal Argentina. Assim que cheguei logo conheci Pedro e José, dois brasileiros que moram por lá há algum tempo, e também Pepe, um finlandês que já percorre há algum tempo a América Latina. Este último se encarregou de me apresentar a casa (e que casa, diga-se de passagem!). Trata-se de uma construção que pela sua fachada demonstra ser bem antiga, mas que foi toda reformada por dentro. Um espaço de três andares, dividido em dez habitações, que compartilham cinco banheiros, duas cozinhas, uma enorme sala, lavanderia, dentre outros espaços. 



Depois de ser muito bem recebido por todos, tomei um banho, Filipe foi embora e assim me arrumei pra comer algo na rua. Já era 00h00min, não tinha muitos locais abertos. Caminhei um pouco pelo centro até encontrar uma pizzaria. Comi uma pizza pequena (6 pedaços) sabor napolitana, acompanhada de uma coca 600 ml, assistindo ao filme do Wolverine dublado em espanhol. No dia seguinte descobriria que o cara tinha me passado a perna, pois cobrou de mim o preço de uma pizza grande (8 pedaços). Enfim, de estômago cheio, voltei pra casa.



Foi quando conheci Gonzalo, dono do lugar e amigo do Filipe. Ele que me concedera o direito de dormir ali até minha partida de Buenos Aires. Foi muito simpático e hospitaleiro, colocando toda a estrutura à minha disposição: “Aqui é a lavanderia, você pode usar de tal hora a tal hora, se precisar de sabão está aqui...essa é a sua chave da casa, do seu quarto, nele você tem cofre pra guardar sua grana, documentos, etc...” Me senti até envergonhado pelo tipo de tratamento que me foi dado, excelente! Finalmente, depois de tudo, fui dormir, extremamente cansado.

- almoço vegetariano: 85 pesos

- futebol: 40 pesos
- pizza: 130 pesos (quando deveria ter pago 105 pesos)

Jorge (Argentina), Mary (Colômbia), Rafael (Chile), Miguel (Venezuela), Rob (Holanda), Juan Carlos (Argentina) e Allan (Brasil)

Charlotte (França)

Pelada com os hermanos! "Toca y me voy", rsss...

terça-feira, 2 de junho de 2015

Dia 17



Na manhã do dia seguinte levantei cedo, despertado pelo forte calor que fazia na cidade. Como na noite anterior havia chegado tarde ao hostel, acabei pegando a cama mais alta do quadriliche (nem sei se a palavra existe!), ficando acima do nível do ventilador de teto, praticamente num forno. Pela primeira vez em toda a viagem tirei minhas bermudas da mochila e guardei minhas blusas de frio, usadas em todos os momentos até então. Como faz calor em Buenos Aires nessa época do ano!

De imediato tomei uma ducha gelada e na sequência, meu café da manhã. Comi muito bem, pois nenhum hostel pelos quais passei tinham desayunos tão bons quanto este. Depois de muito bem alimentado, desci para a área de convívio e me pus a escrever este diário. Logo os outros hóspedes foram despertando e em alguns minutos já estavam por ali comigo. Entre um cigarro e outro passei a conhecê-los. Conversei a manhã toda com Miguel (Venezuela), Mary (Colômbia) e Rob (Holanda). Conversamos sobre muitas coisas peculiares de cada país, aproximando as culturas, apontando as diferenças e, sobretudo semelhanças marcantes entre os povos. Nessa conversa pude tomar conhecimento de aspectos interessantes do panorama venezuelano, por exemplo, algo que seria dificílimo aprender simplesmente pelos meios midiáticos tradicionais (pra não dizer impossível).

Miguel comentou, dentre outras coisas, que o governo concede às pessoas que tem cartão de crédito uma espécie de incentivo anual de três mil dólares para que essas pessoas possam viajar a outros países. Não compreendi muito bem o porquê o governo empreende tal prática e lhe questionei, dizendo-me ele que como o câmbio é restringido pelo governo (havendo assim uma diferença brutal entre o câmbio oficial e o câmbio paralelo), essa seria uma forma de flexibilizar tal prática. Disse ainda que algumas pessoas utilizam-se de tal prática do governo para fazer dinheiro, fazendo cartões de crédito junto aos bancos, recebendo assim tal subsídio e podendo viajar à outros países, como a Argentina, por exemplo. Uma vez fora da Venezuela, ao invés de desfrutar de sua viagem ficam restritos a um hostel sem ao menos sair para conhecer nada, a fim de gastar o mínimo possível, retornando à Venezuela com dinheiro no bolso e podendo fazer o câmbio extra oficial a valores altíssimos. Aqueles que adotam essa prática são conhecidos como raspadores de tarjeta. Muito curiosa essa situação!

Miguel também me disse que existem àquelas pessoas que se aproveita de tal situação para conhecer outras culturas e outros países, como é o seu caso. Creio que isso esteja ligado ao nível de instrução dessas pessoas e aos interesses econômicos de cada família. É normal que uma pessoa com uma situação financeira estável se valha de uma viagem para desfrutar, enquanto outra, que vive com certa dificuldade em seu país de origem, faça isso a fim de levantar algum dinheiro para adquirir algum bem em seu regresso. Enfim, muito interessante essa conversa, pois, dentre outras coisas, falamos de democracia, importância de participação popular nas discussões político econômicas, etc. Muito bom poder ter esse contato com realidades distintas, e de certa forma, expor a minha realidade. São momentos como esses que fazem uma experiência como a que estou vivendo fascinante.

Depois dessa manhã repleta de troca de ideias, fui ao apartamento de Anita para encontrá-la. Ela estava a resolver alguns assuntos pessoais por meio do Skype. Antes de partirmos para o rolê, Anita nos assegurou convites grátis para uma balada (boliche, como dizem por aqui) mais tarde. Haveria uma apresentação de um amigo seu num local chamado “Konex”. O destino da tarde seria ir até a tal Calle Florida fazer câmbio de moeda. Andamos bastante pela rua, entrando em lojas, vendo preços, enfim, um role que não me agrada muito.

Na Argentina, destaco a falta de trato dos lojistas para com os turistas. Em quase todas as lojas pelas quais passei me diziam que revistariam a minha mochila quando eu fosse sair, um absurdo! Como se eu fosse meter alguma coisa dentro e sair andando, mesmo com vários seguranças caminhando pelo interior da loja. Enfim, confesso que isso me incomodou muito, a ponto de eu nem entrar mais nas lojas, preferia aguardar por Anita do lado de fora.

Observando os preços, não notei diferença circunstancial para alguns produtos. Como curiosidade, destaco o preço das havaianas, custam cerca de R$ 40,00 por aqui. Como esqueci as minhas no hostel em Puerto Natales (só me dando conta disso dias depois, em Chaltén), saí com a intenção de comprar uma. Depois de ver os preços, desisti da ideia, compro no meu regresso ao Brasil, pela metade do preço. Depois de muito pesquisar, conseguimos câmbio a 4,10. Impressionou-me a quantidade de pessoas que empreendem essa prática. Escutei a palavra “câmbio” um milhão de vezes. Trocamos nossa grana com um cara chamado André, baiano, numa banca de revistas. Depois disso continuamos nossa caminhada pelo calçadão.

Encontramos exposta na praça a taça da Copa América 2015, a ser realizada no Chile. É claro que pedi a Anita que tirasse uma foto minha ao lado do troféu. Seguimos andando e pedi que Anita me desse uma dica de um presente feminino genuinamente argentino, ou melhor, porteño. Fui orientado a comprar alguns pares de alpargatas. Como não sabia qual numeração comprar, Anita contactou minha irmã Carol por whatsapp, resolvendo essa questão. Ponto pra tecnologia (que nesse momento já ganha de goleada) e pro conceito de Anita, que diz ser um dos grandes problemas da humanidade a falta de comunicação. Depois de muito caminhar encontramos as tais alpargatas por um preço bom, mas a loja já estava fechada.

Sendo assim, como já me encontrava faminto, resolvemos comer alguma coisa por ali mesmo. Comi uma milanesa de vacuno con guarnición de papas fritas, e Anita, como de costume ficou na salada. Assim que terminamos fomos até uma loja que Anita tinha visto uma sandália que queria comprar. Mais uma dessas modas argentinas (uma sandália com um solado grossão, feio pra caralho, mas que 9 entre 10 argentinas usam atualmente). A vendedora, Daiana, foi muito simpática. Conversamos por algum tempo enquanto Anita se decidia.

Já perto das 20h00min, decidimos ir para a tal apresentação do amigo de Anita, que havia nos presenteado com dois convites. O nome do grupo é “La bomba de tiempo”, uma espécie de percussão em tambores, uma parada bem latina que se assemelha a um Olodum. Legalzinho até o ritmo dos caras! No local pude observar exemplares clássicos da classe média portenha (uma vez que não são todas as pessoas que pagam 90 pesos para entrar numa balada e 70 pesos numa cerveja). No local também era consumida muita maconha, chamada de “porro” pelos caras, de péssima qualidade diga-se de passagem. Findada a apresentação, resolvemos partir.

Na volta pra casa, antes de pegar o bus, paramos numa sorveteria. Nesse estabelecimento tive mais um exemplo da péssima forma de atender um cliente. Anita pediu o seu sorvete (30 pesos) e pagou com uma nota de 100 pesos. O caixa, embora não tenha gostado muito, deu o troco. Na minha vez de pagar fiz a mesma coisa, pedi o sorvete de 30 pesos e me propus à pagar também com uma nota de 100. O atendente do caixa de imediato disse que não teria troco, de cara fechada, esbravejando, e já chamando o próximo da fila. Logo disse a ele que não queria mais nada e agradeci, puto da cara. Nesse momento veio um outro atendente e disse que eu poderia tomar o sorvete e pagar depois, quando terminar, havendo assim tempo para que outros clientes pagassem por seus gastos. Eu estava tão puto da cara com a sequência de atendimentos ruins que nem me dei conta disso. Anita, que estava mais calma que eu, percebeu a boa intenção do outro atendente e me alertou.

Dessa forma, pegamos nossos sorvetes e nos sentamos fora da loja. Quando terminamos fui pagar o meu pedido, já mais calmo, e fui surpreendido pelo cara do caixa, que se negou a receber meu dinheiro, dizendo que aquele gelado seria por conta da casa, uma cortesia. Insisti em pagar uma vez, não mais que isso! Seu patrão deve estar com os bolsos cheios e com certeza aquele sorvete não seria pago pelo tal funcionário. Assim, fomos pegar o bus de volta à Palermo. Como não estávamos bem certos de qual colectivo tomar, paramos numa confeitaria para perguntar. Uma senhora nos viu perguntando ao caixa do estabelecimento e veio até nós dizendo: “Desculpem, eu sou de Palermo, o ônibus é esse!”, nos apontando o ônibus correto.

Na mesma mesa que ela estava outra senhora, Adriana, que ao ver que éramos brasileiros pediu para conversar um pouco conosco, pois, segundo ela, sabia falar português, mas há tempos não praticava. A senhorinha era linguista, falava espanhol, português, francês e alemão. Disse-nos ter trabalhado no consulado argentino em Berlim, durante muito tempo. O seu português de fato era muito bom e fluente, tirando o leve sotaque que carregava. Despedimo-nos e fomos embora.

Chegando ao hostel eu conheci Catarina, uma portuguesa que trabalhava na recepção. Conversamos um pouco, em português, e paguei a segunda diária. Tomei um banho e conversei um pouco com a galera que estava por ali. No andar de cima, outra galera fazia um assado que cheirava muito bem. Apesar de ter sido convidado, preferi ficar no andar de baixo mesmo, pois não tinha fome. Passado algum tempo, todos desceram e sentaram à minha volta ali embaixo, e foram logo me oferecendo suas cervejas. Confraternizamos até umas 3 da manhã, quando todos fomos dormir.
- cartão "sube" (transporte): 25 pesos
- carga no cartão: 50 pesos
- restaurante: 115 pesos
- 2ª diária do hostel: 133 pesos
Tony Montana na Calle Florida

Calle Florida, Buenos Aires

Área de convívio do Play Hostel




segunda-feira, 1 de junho de 2015

Dia 16: de volta a Buenos Aires



Na manhã do dia seguinte levantei cedo, arrumei minhas coisas, tomei um banho e fiquei aguardando o horário do meu ônibus. Nesse momento, graças à Júlia (a austríaca que havia conhecido na noite anterior) não perdi o horário. Não sei o que aconteceu com meu celular, mas ele havia voltado pro horário brasileiro, atrasando uma hora. O fato é que eu estava na cozinha comendo uma fruta, bem tranqüilo, quando chega Júlia e me pergunta se já não estava no meu horário de partir. Disse a ela que faltava ainda um tempo considerável, não tinha pressa. “Vocês brasileiros são tão calmos! Se tivesse um vôo pra pegar agora eu já estaria agitada!”. Depois da breve conversa perguntei a hora ao recepcionista e descobri que faltavam 10 minutos pro meu ônibus até Calafate partir. Peguei minha mochila e parti. Sorte estar do lado da rodoviária!

Cheguei ao aeroporto de Calafate por volta das 13h30min, sendo que meu vôo sairia somente às 18h05min. Longa espera que só não foi maior porque fiquei conversando com meu bem a tarde toda. Como ainda estava na penúria por conta do câmbio desfavorável de Chaltén, havia comido somente uma maçã em toda a tarde. Não via a hora de embarcar para desfrutar da pequena refeição servida no vôo. E na real foi pequeníssima, duas bolachinhas recheadas e um copo de Sprite. De certa forma já enganou meu estômago por um par de horas.

No vôo para Buenos Aires fiquei observando as pessoas, como normalmente costumo fazer. À minha frente, um jovem argentino tipicamente portenho, visualmente de uma classe favorecida, não tirou os olhos de seu iphone por um só minuto, aumentando ainda mais sua sensação de isolamento social com seus fones de ouvido gigantes (daqueles que custam quase o preço do iphone). Um completo sem educação, pois não respeitou os avisos (foram vários!) das aeromoças para desligar os aparelhos eletrônicos, além de conseguir derrubar gelo em mim na poltrona de trás, sem ao menos de desculpar. 

Assim que cheguei já contactei Anita, desta vez com sucesso. Tomei um táxi e fui até sua casa. O taxista era Miguel, uma pessoa muito simpática. Conversamos sobre a última Copa do Mundo, do trágico 7 a 1, como não podia ser diferente. O taxímetro marcou 84 pesos, mas já havia lhe dito que tudo o que tinha eram 76 pesos. Miguel, sem titubear, me disse pra ficar tranquilo que me deixaria em meu destino, sem a necessidade de caminhar uma só quadra se quer. Agradeci sua gentileza e saltei do táxi, já em Palermo. Assim que encontrei Anita disse que estava faminto e precisava comer algo. Nesse momento terminava minha penúria, pois carregava uma grana pra Anita do Brasil, e como retribuição pela gentileza ela cambiou algum dinheiro pra mim! Deixei minha mochila em seu prédio e nos mandamos pelo bairro.

Comi um hambúrguer generoso acompanhado de batatas fritas e uma cerveja. Era o que precisava para ganhar uns pontos de vida. Enquanto comia, Anita me contava suas desventuras amorosas Depois de comer (e ouvir!) fomos procurar um hostel pra eu passar a noite. Acabei ficando no Play Hostel (http://www.playhostel.com/) por ser próximo do prédio de Anita e pelo preço em conta. Recomendado! Barato pros padrões de Buenos Aires. Depois disso tomei um banho e saímos pra tomar uma cerveja e terminar o papo.

Fomos até a Praça Serrano, point conhecido de Palermo e nos sentamos para a tal breja (que por sinal tomei sozinho, pois Anita não bebe!). No auge do papo, eu falando pelos cotovelos, como de costume, fomos interpelados por um garçom brasileiro, que há alguns minutos já se divertia com nossa conversa sem sabermos. Acabava de descobrir mais um lugar repleto de brasileiros Saímos deste bar do qual fomos tocados pelos garçons pois já iriam fechar. Me senti em Maringá! Sentamos num bar ao lado e continuamos a prosa até as 5 da manhã. Depois disso deixei Anita em seu prédio e fui dormir.
- táxi: 76 pesos
- hamburger + batata + cerveja: 80 pesos
- cerveja: 50 pesos
- cerveja + batatas (segundo bar): 80 pesos
- diária do hostel: 150 pesos
 
Anita, aquela que me ajudaria a desbravar a capital.