Na manhã deste dia não fiz muita
coisa além de preparar um café e atualizar este diário que escrevo agora.
Ressalto que na casa de Gonzalo tive as melhores condições pra manter este
relato devidamente atualizado. No quarto em que estou hospedado, além de tudo
que já relatei noutro dia, há também uma escrivaninha com uma luminária, ideal
pro abastecimento das linhas que seguem. Aproximadamente as 12h00min saí de
casa com destino a Calle Florida para
cambiar alguns reais e comprar as tais alpargatas genuinamente porteñas, conforme já havia prometido
aos meus amores no Brasil.
Saí caminhando e logo bateu a
fome, então resolvi comer um Subway,
já que por aqui é algo realmente barato (com cerca de 30 pesos você come um
sanduíche de quinze centímetros, sendo que no Brasil são quase R$ 30,00). O
problema foi escolher aquela infinidade de ingredientes em espanhol. Se no
Brasil nesse momento já me bate uma indecisão monstra, imagine por aqui! Os
nomes que eu sabia falar, falava, o que não sabia apontava e boa. No final das
contas o lanche ficou até gostoso. Saindo dali, de estômago cheio, estava
realmente pronto pra uma caminhada.
Seguindo o mapa do celular, fui
me guiando pelas ruas. Nunca pensei que diria isso, mas o tal smartphone
realmente fez a diferença aqui em Buenos Aires, sem ele as coisas seriam um pouco
mais complicadas digamos assim. Bem, chegando próximo a Calle Florida me dei conta que ali havia muitos prédios oficiais,
dentre eles a Casa Rosada. Tirei
algumas fotos da Plaza de Mayo, onde
também havia um assentamento de ex-combatentes da Guerra do Atlântico Sul.
Me dei conta que ali também
estavam os restos mortais do Libertador José de San Martin, alocados num
mausoléu enorme. Trata-se da Catedral Metropolitana de Buenos Aires. Como toda
igreja, conta com imagens de santos, a Via Crucis retratada em várias telas ao
longo das colunas de seu interior, dispostas num grande espaço. Em uma das
salas, guardada por dois granaderos,
corpo oficial do exército criado por Perón, devidamente trajados, encontram-se os restos
mortais do general. Ficam elevados do solo erguidos sobre um monumento, que
lembram as batalhas de Maipú, Chacabuco e Lima. Do lado de fora da Catedral há
uma chama que nunca se apaga em memória do libertador.
Depois de alguma andança e um bom
tempo de contemplação, segui até a Calle
Florida. Troquei mais alguma grana para a compra dos regallos. A escolha foi demorada, havia muitas alpargatas mal
acabadas, com excesso de cola, e pelo que bem conheço das pessoas que seriam
presenteadas, ai de mim se não estivessem 100%. Rs! Saindo da loja resolvi
entrar num McDonald’s pra usar o wi-fi gratuitamente. Dei um desbaratino que
estava na fila decidindo o que ia pedir e enquanto isso desfrutava do sinal.
Contactei Anita pelo whatsapp, ela
estava na Praça de Maio, e lá permaneceu me esperando.
Encontrei-a com o gringo mala que
“não compreende” nada. Eu e ela logo vazamos dali, deixando Nick com sua
namorada. Como Anita tinha fome, fui novamente arrastado pra um estabelecimento
vegano. Nem ia comer nada ali, esperaria pra comer em outro local, mas acabei
sendo convencido pelo atendente, alegando que eu não deveria perder a oportunidade
de provar algo “distinto”. Pedi um hambúrguer vegano acompanhado de batatas
fritas. Que lanche ruim, meu deus! Até a Anita que é toda natureba não gostou
do sanduíche e lascou molho pra disfarçar o sabor. Provei algo distinto e posso
dizer que não preciso daquilo ali nunca mais. Depois dali saímos pra matar o
tempo, pois logo Anita teria sua festa de aniversário num local chamado “Florería Atlântico”, somente às
20h00min. Andamos até a Recoleta,
parando em algumas praças, tirando fotos.
Finalmente chegamos ao local da
“festa”. Na real ela tinha combinado com alguns amigos, longe de ser
propriamente uma festa, enfim. Trata-se de uma loja de flores, onde se tem
acesso por uma porta daquelas de frigorífico, a um subsolo onde funciona o bar.
Bem interessante o lugar, embora não tivesse nada a ver comigo. Lugar todo
requintado, decorado, e eu de bermuda, camiseta, tênis e mochila nas costas.
Todos ali estavam de camisa social, parecendo sair da barbearia mais próxima. O
que me convenceu de que eu não permaneceria ali foram os preços, simplesmente
um absurdo, totalmente fora da realidade (da minha realidade!). Enquanto
aguardávamos para que o pessoal começasse a chegar, fomos tomar um sorvete.
Depois disso deixei ela com seu amigo Yudji (com quem ela estava morando) e
vazei.
Fiz todo o trajeto de volta a pé,
da Recoleta até Montserrat. No caminho passei pelo Obelisco, onde havia uma manifestação organizada por estudantes e
pela família de um jovem, Ismael Sosa,
encontrado morto numa lagoa após uma abordagem policial num festival de música.
Conversei com um dos jovens manifestantes para que me explicasse do que se tratava
a mobilização. Ele me contou a história e me deu um panfleto com um breve
resumo do caso. Nesse instante senti as realidades brasileiras e argentinas
muito próximas uma da outra. Depois de algumas fotos tiradas, segui meu caminho
de volta. Orientado pelo meu mapa virtual. No trajeto havia muitas pessoas nas
ruas, creio em função do jogo de Libertadores. No caminho parei numa pizzaria
chamada Kentucky, já bem recomendada pela Anita. Depois de dois pedaços de
napolitana e uma coca, fui pra casa e por lá permaneci, morto que estava.
- Subway (sanduíche +
refrigerante): 45 pesos
- Lanche vegano: 80 pesos
- Sorvete: 25 pesos
- Pizza: 55 pesos
Catedral Metropolitana de Buenos Aires |
Plaza de Mayo |
Casa Rosada |
Granaderos |
Restos mortais de José de San Martin |
Alguma praça na Recoleta |
Jovem militante que aparenta ser questionado por um senhor. |
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