Na manhã deste dia parecia que um
caminhão tinha passado bem em cima da minha cabeça. Me recordo de ter levantado
de manhãzinha, com o quarto todo fechado, o ventilador desligado (a luz ainda
não havia voltado), e eu dormindo de blusa de flanela e tênis naquele forno.
Sem contar o cheiro de fumaça que impregnava minhas roupas (havíamos queimado
uma lenha na churrasqueira pra “iluminar” o ambiente). Fui o primeiro a
acordar, a casa estava toda em silêncio. Fiquei no meu quarto e logo apareceu
Luisa, a peruana de Lima, e conversamos brevemente sobre a noite anterior.
Depois de algumas risadas ela me fez um convite pra almoçar. Não tinha assim
tanta fome, mas topei.
Saímos sem destino definido,
quando na rua decidimos ir ao Parque
Centenário. Como ainda não conhecia, logo topei o rolê. Pegamos um colectivo em frente ao Congresso, mas
não me recordo o número dele. Ah, antes disso deixamos nossos celulares pra
carregar na academia onde Luisa treinava. O parque é um lugar bem legal, com um
lago cheio de peixes, parquinho para as crianças, extensos gramados onde se
juntam jovens e pessoas de mais idade. Aliás, essa foi uma das boas impressões
da cidade: seus espaços públicos são muito bem utilizados. Como se trata de
lugares bem conservados, limpos, isso atrai as pessoas para o convívio nestes
locais. Além do mais, o governo incentiva tal utilização destes espaços
públicos por meio de publicidade, dizendo ser uma ótima opção de lazer, e o que
é melhor, gratuita.
Nele também havia uma longa feira
ao ar livre, na qual se encontrava de tudo, tudo mesmo! Desde as coisas mais
inúteis como garrafas velhas de refrigerante, até brinquedos e roupas usadas.
Facilmente se passa uma hora ali caminhando pelo local. Depois de muita
caminhada sob o sol forte, a fome finalmente bateu firme. Já era por volta das
16h00min quando tomamos o ônibus para retornar. De volta ao centro, resolvemos
comer no Subway (havia um bem próximo
da casa, na Av. Belgrano). Antes
disso passamos na academia para retirar nossos celulares, devidamente
carregados. Comendo, pude conectar ao wi-fi
do local e atualizar algumas informações das pessoas que quero bem no Brasil.
De estômago cheio, voltamos pra casa. Luisa agradeceu o rolê dizendo-me que eu
era uma pessoa muito simpática por ter aceitado seu convite, mesmo sem conhecê-la
muito bem. Na verdade o sortudo era eu, por poder contar com uma pessoa tão "buena onda" como Luisa!
Retornando à casa logo percebemos
que a luz havia voltado, o que nos deixou felizes (somos muito dependentes da
eletricidade, e além disso eu precisava utilizar a máquina de lavar, rs!). É
bem verdade que em Torres del Paine,
nos dias em que fiquei isolado, longe das regalias que temos na vida em
sociedade, não senti muito a falta de luz, internet, celular, essas coisas.
Creio que a dura rotina à qual nos submetemos por lá nos faz esquecer desse
tipo de coisas “mundanas”, por assim dizer. Lá as preocupações eram acordar
cedo, desfazer o acampamento, andar o dia todo com tudo levado nas costas,
chegar até o próximo ponto de camping, armar tudo novamente, cozinhar, comer e
dormir, para repetir tudo no dia seguinte. Numa rotina assim seu corpo (e sua
mente!) acaba se esquecendo que foi condicionado a sentir falta disso tudo. Por
metade de um dia e uma noite inteira, estava submetido novamente a isso, e no
fim das contas a falta de luz uniu a galera da casa, já que em condições
normais, sem a ausência da energia elétrica, todos provavelmente chegariam à
noite e se recolheriam em seus quartos, conectando-se logo ao facebook, whatsapp, etc. Viva a ausência da luz!
Com a volta da energia,
finalmente pude lavar minhas roupas. Terminada essa tarefa, juntei-me à galera
e, mesmo sem ter passado direito a ressaca da noite anterior, decidimos comprar
algumas cervejas, afinal de contas era sábado. Nessa noite eu não tinha planos
pra sair, meu corpo ainda cobrava a conta da noite anterior. Tomei mais algumas
cervejas com a galera. Conversamos bastante, demos muita risada, bem como na
noite anterior. Depois de tudo fui descansar.
- Subway (30 cm): 85 pesos
- Cervejas: 35 pesos
- Pizza Uggi’s: 43 pesos
Parque Centenário |
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