No segundo dia, levantamos cedo e
fomos até o Paso John Gardner, sem as
mochilas, que ficaram nas barracas, armadas no camping. Sem todo o peso do
acampamento nas costas, essa seria uma caminhada fácil. No mirador desse local
se vê o campo de gelo do Glaciar Grey
e vários icebergs na água, coisas que
eu jamais tinha tido a oportunidade de ver, coisa linda! Voltamos ao
acampamento para desmontar as barracas e seguir o roteiro do circuito. Neste
dia teríamos que refazer o trajeto do dia anterior, só que na direção
contrária. Seriam onze horas de caminhada.
Feito isso, chegamos ao Acampamento Paine Grande, nosso local de
origem do trajeto. De lá tocaríamos até o Acampamento
Italiano, um local muito bonito em função de uma ponte que tem logo na sua
entrada (balança muito e por esse motivo só se pode cruzá-la duas pessoas por
vez). A caminhada não foi muito dura como no dia anterior, embora fosse maior.
A mochila já estava devidamente ajustada e eu já estava, de certa forma,
acostumado com seu peso. Neste dia procurei seguir o meu ritmo, sem acompanhar
os mineiros, pois percebi que seguir o ritmo de outras pessoas pode ser algo
que te cansa muito. Sozinho durante o percurso, se pode refletir muito mais, se
conectando com a natureza e toda a sua magnitude.
Apesar da beleza, o local tem
pouca infra-estrutura por se tratar de uma zona gratuita de camping. Há um
local para cozinhar e banheiros (sem duchas), porém bem precários. Lá pude
conhecer Scott, um cara de uns 35-40 anos, nova-iorquino, muito gente fina. Deu
até pra arranhar um pouco no inglês com ele. Conversamos sobre o mate produzido
no Paraná, quando ele disse ser fã da bebida. Depois da conversa pedi que ele
tirasse uma foto minha na ponte, com o paredão nevado ao fundo. Tirou umas três
ou quatro fotos e todas ficaram péssimas, rs! Mesmo assim disse a ele que as
fotos ficaram muito boas. Mas façamos justiça, a noite já vinha caindo e a
câmera não era das melhores.
Depois disso lavei a louça do
nosso pequeno jantar usando a água e o cascalho do rio. Lavei também os meus
pés naquela água gelada. Longe de ser um bom banho, que eu já não via há dois
dias, pude relaxar um bocado com o rosto e os pés limpos. A noite nesse camping
foi das piores. Fez um forte frio, acompanhado de chuva e um vento intenso. Na
barraca, tentando adormecer, podia ouvir o vento vindo do alto da montanha,
levemente, e à medida que se aproximava, sacudia as árvores do camping,
parecendo querer arrancá-las do solo. A barraca se mexia a todo instante.
Campo de gelo, Glaciar Grey |
Entrada do Acampamento Italiano (foto tirada por Scott) |
Cuernos del Paine |
Esse foi o dia que descobrimos que brasileiros falam "demasiado" hahahahha
ResponderExcluir