quinta-feira, 21 de maio de 2015

Circuito W: 2º dia



No segundo dia, levantamos cedo e fomos até o Paso John Gardner, sem as mochilas, que ficaram nas barracas, armadas no camping. Sem todo o peso do acampamento nas costas, essa seria uma caminhada fácil. No mirador desse local se vê o campo de gelo do Glaciar Grey e vários icebergs na água, coisas que eu jamais tinha tido a oportunidade de ver, coisa linda! Voltamos ao acampamento para desmontar as barracas e seguir o roteiro do circuito. Neste dia teríamos que refazer o trajeto do dia anterior, só que na direção contrária. Seriam onze horas de caminhada.

Feito isso, chegamos ao Acampamento Paine Grande, nosso local de origem do trajeto. De lá tocaríamos até o Acampamento Italiano, um local muito bonito em função de uma ponte que tem logo na sua entrada (balança muito e por esse motivo só se pode cruzá-la duas pessoas por vez). A caminhada não foi muito dura como no dia anterior, embora fosse maior. A mochila já estava devidamente ajustada e eu já estava, de certa forma, acostumado com seu peso. Neste dia procurei seguir o meu ritmo, sem acompanhar os mineiros, pois percebi que seguir o ritmo de outras pessoas pode ser algo que te cansa muito. Sozinho durante o percurso, se pode refletir muito mais, se conectando com a natureza e toda a sua magnitude.

Apesar da beleza, o local tem pouca infra-estrutura por se tratar de uma zona gratuita de camping. Há um local para cozinhar e banheiros (sem duchas), porém bem precários. Lá pude conhecer Scott, um cara de uns 35-40 anos, nova-iorquino, muito gente fina. Deu até pra arranhar um pouco no inglês com ele. Conversamos sobre o mate produzido no Paraná, quando ele disse ser fã da bebida. Depois da conversa pedi que ele tirasse uma foto minha na ponte, com o paredão nevado ao fundo. Tirou umas três ou quatro fotos e todas ficaram péssimas, rs! Mesmo assim disse a ele que as fotos ficaram muito boas. Mas façamos justiça, a noite já vinha caindo e a câmera não era das melhores.

Depois disso lavei a louça do nosso pequeno jantar usando a água e o cascalho do rio. Lavei também os meus pés naquela água gelada. Longe de ser um bom banho, que eu já não via há dois dias, pude relaxar um bocado com o rosto e os pés limpos. A noite nesse camping foi das piores. Fez um forte frio, acompanhado de chuva e um vento intenso. Na barraca, tentando adormecer, podia ouvir o vento vindo do alto da montanha, levemente, e à medida que se aproximava, sacudia as árvores do camping, parecendo querer arrancá-las do solo. A barraca se mexia a todo instante. 
Campo de gelo, Glaciar Grey



Entrada do Acampamento Italiano (foto tirada por Scott)

Cuernos del Paine

Um comentário:

  1. Esse foi o dia que descobrimos que brasileiros falam "demasiado" hahahahha

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