Na manhã do quarto dia levantei
às 06h10min como havia planejado na noite anterior. Saí da minha barraca e fui
até os mineiros avisá-los de que sairia em duas horas. Assim que os avisei
retornei à minha barraca para começar a desmontá-la. Como o camping era nas
margens do lago onde se formavam os redemoinhos, ventava muito e de modo
constante. Pra piorar, formava-se um tempo chuvoso no alto da montanha, e com o
forte vento, logo o mau tempo estaria sobre nossas cabeças. Apressei-me para
não pegar aquela chuva gelada logo cedo. Não adiantou muita coisa, começou a
chover enquanto dobrava a barraca pra sair. Terminei o processo sem sentir
minhas mãos, juntei minhas coisas e fui até o banheiro pra jogar uma água
quente nelas, reduzindo assim a sensação de frio.
Estava tão agradável a
temperatura dentro do banheiro que meu café da manhã foi consumido ali mesmo. É
bem verdade que não foi um café convencional: comi metade de um salame e meti o
pé na trilha. Seriam 11 km
de muita subida, mal sabia o cansaço que iria me bater. Saí do Acampamento Los Cuernos às 08h10min com
destino ao Acampamento Chileno.
Apesar da grande distância a ser percorrida, fiz o trecho em 4 horas, tamanha
era minha vontade de sair daquele acampamento onde estava muito mal instalado.
Parti sozinho, pois os brasileiros não se aprontaram no tempo combinado,
preferindo dormir por mais algumas horas.
Esse foi um dos trechos mais
difíceis do circuito, mas me saí muito bem estando sozinho. Nesse percurso se
vê paisagens fantásticas e poucas pessoas em função de ter saído cedo pra
caminhada. Depois de muito sofrimento (muito mesmo, cheguei até a conversar
comigo mesmo pra me motivar a seguir adiante), finalmente cheguei ao Acampamento Chileno. Já perto da chegada
pude visualizar dois condores alçando vôo no alto de uma montanha. Fiquei os
observando por algum tempo, e quando finalmente decidi filmá-los, a bateria da
minha câmera acabou. Enquanto fui pegar a bateria reserva que estava na
mochila, eles sumiram e não deram mais o ar da graça. O registro ficou só na
minha memória.
Chegando ao Acampamento Chileno, de imediato já pude notar a boa estrutura do
local. Pela primeira vez no parque pude aproveitar o camping. Assim que cheguei
peguei o primeiro bom lugar que encontrei para armação da minha barraca. Depois
de armá-la, a primeira coisa que fiz foi tomar um banho quente, minhas pernas
já pareciam andar sozinhas. Após o banho preparei uma sopa com macarrão que
acabou ficando ótima. A fome era tão grande que joguei algumas fatias de pão
dentro da mistura e ficou excelente. De barriga cheia e com o corpo e roupas
limpas, deitei dentro da barraca e dormi por cerca de 3 horas, quando os
brasileiros chegaram e me acordaram na minha barraca (isso já era por volta das
18h00min).
Depois que armaram suas barracas
fomos preparar o jantar. Em todo o percurso até o momento, não havia me sentido
descansado como me sentia nesse momento. Quanto ao jantar, foi a melhor
refeição que fizemos em toda nossa estadia no parque. Comemos macarrão com
molho bolonhesa, purê de batatas e atum, uma verdadeira delícia gastronômica
naquelas condições. Como aquela seria nossa última refeição juntos, juntamos
tudo que nos tinha restado nas mochilas, daí vem tanta fartura. Enquanto
cozinhávamos, nossos novos amigos nova-iorquinos Scott e Brad se juntaram a nós
na conversa. Muitos gentis nos cederam algumas taças de vinho que bebiam. Comemos
fartamente!
Quando já estava na minha barraca
escrevendo este diário recebi a visita de um funcionário do camping perguntando
se eu já havia pago pela estadia. Disse a ele que não e por conta disso tive de
ir até o quiosque quitar o tal ticket. O tradicional jeitinho brasileiro não
funcionou desta vez (já haviam funcionado no primeiro e terceiro dia, quando os
campings também eram pagos). Não tenho
do que reclamar, os 8500 pesos chilenos pagos pela estadia valeram muito a
pena, já que aquele tinha sido um ótimo dia de descanso.
- estadia no camping: 8500 pesos
chilenos
Antes de irmos pras barracas,
deixamos previamente combinada nossa partida, que seria na madrugada do dia
seguinte. Queríamos chegar ao trecho final do circuito, as tão aguardadas
Torres, com o dia amanhecendo. Para isso, teríamos que iniciar a subida por
volta das 4 da manhã, fazendo uma caminhada noturna pela trilha.
Deixando a chuva pra trás |
Aquela que não me abandonou nunca! |
No fim da descida, Acampamento Chileno |
Minha única "selfie" da viagem! |
Nosso banquete! |
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