segunda-feira, 25 de maio de 2015

Circuito W: 4º dia



Na manhã do quarto dia levantei às 06h10min como havia planejado na noite anterior. Saí da minha barraca e fui até os mineiros avisá-los de que sairia em duas horas. Assim que os avisei retornei à minha barraca para começar a desmontá-la. Como o camping era nas margens do lago onde se formavam os redemoinhos, ventava muito e de modo constante. Pra piorar, formava-se um tempo chuvoso no alto da montanha, e com o forte vento, logo o mau tempo estaria sobre nossas cabeças. Apressei-me para não pegar aquela chuva gelada logo cedo. Não adiantou muita coisa, começou a chover enquanto dobrava a barraca pra sair. Terminei o processo sem sentir minhas mãos, juntei minhas coisas e fui até o banheiro pra jogar uma água quente nelas, reduzindo assim a sensação de frio.

Estava tão agradável a temperatura dentro do banheiro que meu café da manhã foi consumido ali mesmo. É bem verdade que não foi um café convencional: comi metade de um salame e meti o pé na trilha. Seriam 11 km de muita subida, mal sabia o cansaço que iria me bater. Saí do Acampamento Los Cuernos às 08h10min com destino ao Acampamento Chileno. Apesar da grande distância a ser percorrida, fiz o trecho em 4 horas, tamanha era minha vontade de sair daquele acampamento onde estava muito mal instalado. Parti sozinho, pois os brasileiros não se aprontaram no tempo combinado, preferindo dormir por mais algumas horas.

Esse foi um dos trechos mais difíceis do circuito, mas me saí muito bem estando sozinho. Nesse percurso se vê paisagens fantásticas e poucas pessoas em função de ter saído cedo pra caminhada. Depois de muito sofrimento (muito mesmo, cheguei até a conversar comigo mesmo pra me motivar a seguir adiante), finalmente cheguei ao Acampamento Chileno. Já perto da chegada pude visualizar dois condores alçando vôo no alto de uma montanha. Fiquei os observando por algum tempo, e quando finalmente decidi filmá-los, a bateria da minha câmera acabou. Enquanto fui pegar a bateria reserva que estava na mochila, eles sumiram e não deram mais o ar da graça. O registro ficou só na minha memória.

Chegando ao Acampamento Chileno, de imediato já pude notar a boa estrutura do local. Pela primeira vez no parque pude aproveitar o camping. Assim que cheguei peguei o primeiro bom lugar que encontrei para armação da minha barraca. Depois de armá-la, a primeira coisa que fiz foi tomar um banho quente, minhas pernas já pareciam andar sozinhas. Após o banho preparei uma sopa com macarrão que acabou ficando ótima. A fome era tão grande que joguei algumas fatias de pão dentro da mistura e ficou excelente. De barriga cheia e com o corpo e roupas limpas, deitei dentro da barraca e dormi por cerca de 3 horas, quando os brasileiros chegaram e me acordaram na minha barraca (isso já era por volta das 18h00min).

Depois que armaram suas barracas fomos preparar o jantar. Em todo o percurso até o momento, não havia me sentido descansado como me sentia nesse momento. Quanto ao jantar, foi a melhor refeição que fizemos em toda nossa estadia no parque. Comemos macarrão com molho bolonhesa, purê de batatas e atum, uma verdadeira delícia gastronômica naquelas condições. Como aquela seria nossa última refeição juntos, juntamos tudo que nos tinha restado nas mochilas, daí vem tanta fartura. Enquanto cozinhávamos, nossos novos amigos nova-iorquinos Scott e Brad se juntaram a nós na conversa. Muitos gentis nos cederam algumas taças de vinho que bebiam. Comemos fartamente!

Quando já estava na minha barraca escrevendo este diário recebi a visita de um funcionário do camping perguntando se eu já havia pago pela estadia. Disse a ele que não e por conta disso tive de ir até o quiosque quitar o tal ticket. O tradicional jeitinho brasileiro não funcionou desta vez (já haviam funcionado no primeiro e terceiro dia, quando os campings também eram pagos).  Não tenho do que reclamar, os 8500 pesos chilenos pagos pela estadia valeram muito a pena, já que aquele tinha sido um ótimo dia de descanso.
- estadia no camping: 8500 pesos chilenos

Antes de irmos pras barracas, deixamos previamente combinada nossa partida, que seria na madrugada do dia seguinte. Queríamos chegar ao trecho final do circuito, as tão aguardadas Torres, com o dia amanhecendo. Para isso, teríamos que iniciar a subida por volta das 4 da manhã, fazendo uma caminhada noturna pela trilha. 
Deixando a chuva pra trás


Aquela que não me abandonou nunca!

No fim da descida, Acampamento Chileno

Minha única "selfie" da viagem!

Nosso banquete!

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