sexta-feira, 22 de maio de 2015

Circuito W: 3º dia



Na manhã do terceiro dia, deixamos as barracas montadas no Acampamento Italiano e partimos para uma caminhada no Vale Francês, sem as mochilas. Já conhecia a fama do local, tanto por sua paisagem, que prometia ser uma das mais belas do parque, bem como por sua dificuldade. Mesmo tendo já um panorama daquilo que encontraria, me surpreendi muito com o que vi. Trata-se de uma subida margeando um rio de forte correnteza. Depois de aproximadamente 40 minutos de subida, se chega ao mirador do Vale Francês, simplesmente impressionante! As fotos não dão conta de retratar a beleza do local e a imponência dos paredões rochosos.



Quando você pensa que não pode melhorar, sobe por mais uma hora e chega ao mirador Britânico. A vista mais bela de todo o parque em minha opinião. Nele se tem uma visão de todas as formações rochosas, em 360º, muito louco! O frio que faz lá em cima é fora de série, e o vento forte aumenta ainda mais a sensação, mas nada que estrague a felicidade e o sentimento de realização plena. No topo, subimos em algumas pedras em busca das melhores fotos, sempre numa batalha pelo equilíbrio contra o vento forte e intenso.



Depois de muitas fotos descemos de volta ao Acampamento Italiano para seguir o roteiro até a próxima zona de camping, que seria razoavelmente perto dali, a duas horas e meia de caminhada apenas. Levantei minha barraca e parti sem os brasileiros de Minas, pois me apressei na descida e ganhei algum tempo. Essa caminhada, sozinho, foi muito reflexiva para mim. Você se conecta com a natureza e com seus pensamentos, não escuta se quer uma alma viva, só o barulho da paisagem, do vento soprando forte e levantando a água do imenso Lago Nordernskjöld, formando redemoinhos.



Chegando ao camping Los Cuernos, tive uma infeliz surpresa, pois não havia lugares para a armação das barracas. Acabou me restando uma única opção, um local cheio de plantas pontiagudas num terreno levemente inclinado. Foi o que me restou, e é fato que isso não estragaria as belas imagens registradas na minha memória. O ponto positivo é que tinham banheiros com ducha quente. Meu corpo precisava disso depois de três longos dias de caminhada carregando cerca de 12 kg nas costas.



Depois de um bom banho, me juntei aos brasileiros para cozinhar o jantar. O humor deles estava péssimo, pois além de não encontrar bons lugares para suas barracas, Marcelo e Rafa foram os “escolhidos” pelo staff do local para pagar à diária do camping (a água quente tem seu preço!). Depois de conseguir com muito custo um cantinho para suas barracas, começamos o preparo do jantar. No refeitório fomos surpreendidos por funcionários do camping nos dizendo que deveríamos sair dali, pois estava no horário de fechar. Argumentei com o rapaz que tínhamos de terminar o cozimento do macarrão, pois aquela seria nossa única refeição depois de um dia longo. Sem engolir muito minha argumentação, o rapaz acabou nos deixando terminar o macarrão, do lado de fora do refeitório. Lutamos para que o forte vento não apagasse nosso fogareiro.



No fim das contas esse “desentendimento” entre nós e o funcionário do camping nos rendeu bons risos. Terminada a refeição, fui até o banheiro lavar as louças utilizadas. Combinei com os brasileiros que na manhã do dia seguinte levantaria as seis para partir as sete, com ou sem eles. A caminhada seria longa, cerca de 11 km, sendo composta em sua maioria por subidas. Tinha a intenção de sair cedo para chegar a tempo de escolher um bom lugar no próximo camping, podendo assim descansar, finalmente.
Vale Francês

Mirador do Vale Francês

Dudu (de suspensório) e Tais




Pequena praia formada por pedras, Lago Nordernskjöld


Mirador Britânico

Lago Nordernskjöld

2 comentários:

  1. Esse dia foi louco, foi um dos lugares mais bonitos pra mim. Tanto com relação aos paredões quanto com relação ao horizonte que estava em nossas costas na subida. Ter que pagar, embora pareça estranho,
    deu uma quebrada no nosso clima pq temiámos ficar sem grana e aí haver algum problema maior no final, mas foi super válido pela experiência a se contar. A janta zuada tava até gostosa kkkkk. Adoro esses perrengues, rendem boas reflexões e risadas!

    PS: No caminho em procura do banheiro tinha até uns cara na jacuzzi em meio aquele grande frio haha.

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    1. Verdade mano, bem lembrado! Malditos endinheirados! Nós, fudidos lá tendo que comer o macarrão duro, quase cru por conta dos funcionários que nos apressavam e aqueles gringos lá na jacuzzi.

      Mas como você mesmo disse, essas situações nos rendem boas risadas, além de nos proporcionar momentos de reflexão!

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